#81 Avanço da fronteira agropecuária e a luta indígena

A expansão de empreendimentos agropecuários em território indígena ameaça a demarcação, segurança e sobrevivência dos povos originários. No Brasil, cerca de 1,2 milhão de hectares de terras indígenas (demarcadas ou em processo de demarcação) estão sobrepostas por fazendas. Essa área corresponde ao território do Líbano e mais de 18% desse espaço já é destinado à produção de soja e pecuária, segundo o especial “Os invasores”, do De Olho nos Ruralistas.

Milhares de pessoas de diferentes etnias se reúnem em Brasília, entre os dias 22 e 26 de abril, para a maior mobilização anual de luta indígena do Brasil. O Acampamento Terra Livre (ATL) tem como principal reivindicação o veto total ao Marco Temporal, que ameaça os processos de demarcação das terras indígenas no país.

Mesmo em seus territórios, indígenas são assassinados, ameaçados de morte, e submetidos ao trabalho escravo. De 2004 a 2022, 676 indígenas foram resgatados dessa condição. A maioria (80%) era explorada em atividades agropecuárias. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego sistematizados pela Comissão Pastoral da Terra e Repórter Brasil em 2022.

Em 2023, sete trabalhadores escravizados da etnia Guarani foram resgatados na colheita manual de milho em Caarapó, no Mato Grosso do Sul, onde eram alojados em um pequeno galpão sem janelas, sem camas ou colchões e sem instalações sanitárias.

O programa “Escravo, nem pensar!” previne o trabalho escravo em comunidades indígenas por meio de projetos educacionais. Nos últimos anos, o projeto foi desenvolvido em escolas indígenas dos estados do Mato Grosso e Tocantins. Desde 2018, mais de 40 unidades escolares implementaram ações sobre o tema.

Saiba mais em https://escravonempensar.org.br/educarb/

Foto: Lunaê Parracho