#77 As mudanças climáticas na Amazônia

Sol escaldante, insegurança alimentar e falta de água potável: essas são algumas das consequências das mudanças climáticas dos que vivem na Amazônia.

No ano passado, a Amazônia registrou recordes históricos preocupantes de temperatura e falta de chuva. O estado do Amazonas foi o mais afetado, com ondas de calor chegando a marcar 39,3ºC e níveis de chuva 55% abaixo da média da região.* Águas de lagos superaqueceram, como o Tefé, onde mais de 150 botos foram mortos, e rios registraram uma baixa sem precedentes, como o Rio Negro, Rio Madeira e o Rio Solimões.

No Alto do Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira, a seca e o calor extremo ameaçaram a vida e cultura das mulheres indígenas. Mulheres das etnias baniwa e tariana, entrevistadas pela BBC News Brasil, relataram que o solo quente e seco e a falta de chuva prejudicaram as plantações de cará e mandioca/manica, que sustentam a alimentação e o comércio de suas comunidades. A rotina secular também foi alterada, uma vez que o sol escaldante impossibilitou as mulheres de plantar e cuidar das hortas nos horários tradicionais. Ainda, o acesso à água potável para beber e cozinhar também foi impactado: dos 10 poços de água que abasteciam as comunidades locais, somente dois não secaram.**

O principal motivo da seca histórica no bioma, assim como os elevados níveis de temperatura, é a alta emissão de gases de efeito estufa de atividades humanas. No Brasil, o desmatamento lidera as emissões que contribuem para o aquecimento global***, e abre espaço para a pecuária, atividade que ocupa mais de 13% da Amazônia.****

Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace

*Instituto Nacional de Meteorologia, Ministério da Agricultura e Pecuária, 2023
**BBC News Brasil, 2023
***World Weather Attribution (WWA), 2024