#28 Trabalho escravo doméstico e gênero

Em 2021, 31 pessoas foram resgatadas de situações de trabalho escravo doméstico no Brasil. A maioria delas, mulheres. Esse é o maior número em um único ano, de acordo com dados da SubSecretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência. Um dos exemplos mais tristes dessa realidade se refere ao caso da mulher mantida encarcerada por 72 anos, trabalhando como empregada doméstica para três gerações de uma mesma família no Rio de Janeiro, na mais longa exploração contemporânea registrada no Brasil, desde a criação do sistema de fiscalização.

O fato de o ambiente familiar não poder ser violado dificulta esse tipo de resgate, que acaba por depender totalmente de denúncias. Diferente de trabalhos em fazendas de gado, agricultura e carvoarias, por exemplo, que têm duração de meses ou poucos anos, o trabalho doméstico, no geral, se estende por mais tempo e gera relacionamentos mais estreitos entre patrões e empregados.

É comum a fala de que a trabalhadora doméstica “é como se fosse da família”, mas ela não é. Muitas vezes essas pessoas são impedidas de se deslocar, e o contato com familiares e outras pessoas acaba sendo restrito, característica do que denominamos como trabalho escravo.

Foto: Ministério do Trabalho e Previdência