#53 O que a novela ‘Terra e Paixão’ não mostra sobre o agronegócio?

Ambientada no Mato Grosso do Sul, um dos principais polos do agronegócio brasileiro, a nova novela das 21h da Globo, Terra e Paixão, remete a um ambiente rural no qual a presença de tecnologia, de latifúndios e de grandes proprietários de terra ganha conotação romântica. Mas o que a novela não mostra sobre o agronegócio?

Grande parte dos latifúndios do estado concentra enormes quantidades de terra e, muitas vezes, é responsável pelo desmate da vegetação nativa, como a Mata Atlântica, o Cerrado, e o Pantanal, para dar lugar à criação de gado e à produção massiva de soja, eucalipto, cana-de-açúcar e milho, principalmente destinados à exportação.

Nesse contexto, sobra pouco espaço para a agricultura sustentável e familiar. Com isso, os pequenos agricultores e as comunidades locais, principalmente as indígenas, podem enfrentar violentas disputas fundiárias. Além da concentração de terra e renda, e das degradações ambientais, a exploração de trabalhadores é um problema sério no estado.

De 1995 a 2022, foram mais de 3 mil pessoas resgatadas do trabalho escravo em propriedades sul-mato-grossenses: o estado ocupa o sétimo lugar entre os que mais escravizam trabalhadores no país*. O MS também está entre as regiões brasileiras com maior utilização de agrotóxicos, o que significa que trabalhadores estão expostos a venenos, assim como a fauna, a flora e as comunidades locais #agronegócio#novela#agrotóxicos

*Dados do Ministério do Trabalho e Emprego sistematizados pela Repórter Brasil e pela Comissão Pastoral da Terra

Foto: Pedro Biondi/Repórter Brasil