#06 A primeira denúncia de trabalho escravo
O trabalho escravo contemporâneo é um problema que atinge o Brasil há décadas. A primeira denúncia pública dessa violação data de outubro de 1971, publicizada na carta pastoral “Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”.
Escrita pelo bispo da prelazia de São Félix do Araguaia (MT), dom Pedro Casaldáliga, a publicação expôs ao mundo a situação de violação de direitos e de superexploração pela qual eram submetidos trabalhadores, posseiros e povos indígenas que viviam na Amazônia Legal. Além disso, trouxe à tona o papel que a ditadura militar e os latifúndios tiveram para perpetuação da miséria e da violência na região.
A carta de dom Pedro Casaldáliga mudou a dimensão política de combate ao trabalho escravo no Brasil, alargando os significados que haviam sido estabelecidos no artigo 149 do Código Penal por meio de situações concretas. Somente décadas mais tarde, em 1995, o problema foi reconhecido oficialmente pelo governo federal e passou a ser enfrentado por meio de políticas públicas. Desde então, foram resgatados mais de 56 mil trabalhadores e trabalhadoras dessa prática criminosa.