#88 Trabalho escravo e desmatamento avançam no Cerrado

No último ano, o Cerrado liderou o desmatamento no Brasil, com 61% da vegetação suprimida no país, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O principal fator de devastação desse bioma é a expansão do agronegócio sobre a mata nativa. Essa ameaça a um dos ecossistemas mais biodiversos do mundo também é marcada pelo trabalho escravo.

Cerca de 66% dos trabalhadores escravizados nos 12 estados que compõem o Cerrado em área contínua foram encontrados na criação de gado e em lavouras diversas, como soja, algodão e cana-de-açúcar. Os dados do Ministério do Trabalho e Emprego sistematizados pela Repórter Brasil e a Comissão Pastoral da Terra e abrangem a série histórica de 1995 a 2023.

Os mapas “Desmatamento e trabalho escravo no Cerrado”, lançados pelo programa “Escravo, nem pensar!”, da Repórter Brasil, demonstram a correlação entre essas duas práticas. As regiões de maior exploração de trabalhadores nos últimos 23 anos coincidem com áreas desmatadas do bioma, que em grande parte dão espaço para fazendas dedicadas ao monocultivo de grãos e à pecuária.

Hoje, um dos principais focos de devastação do Cerrado é a região do Matopiba, que compreende a fronteira entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nesses estados, muitos municípios com incidência de destruição da mata nativa também possuem casos de trabalho escravo. É o caso de São Desidério (BA), município campeão de desmatamento do bioma no primeiro semestre de 2023, e que figura na sexta posição no ranking nacional de trabalhadores escravizados.

Clique aqui para conferir o mapa “Desmatamento e Trabalho Escravo no Cerrado”: https://escravonempensar.org.br/…/mapa_desmatamento…

Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil