#46 Ovo de Páscoa com gosto amargo do trabalho escravo
Para o ovo de páscoa chegar às prateleiras de mercado, um caminho longo é percorrido: depois da colheita, as sementes e a polpa do cacau são fermentadas e passam por um processo de secagem e torra, seguido por moagem, refino e transformação em tabletes, bombons e ovos.
Ao longo desse processo, infelizmente, há registro de casos de trabalho escravo. Entre os anos de 1998 e 2022, foram escravizados 241 trabalhadores* no cultivo do cacau, principalmente na Bahia e no Pará, estados onde há forte presença de multinacionais responsáveis pelos processos de torra e moagem.
Na maior parte dos casos, o cacau sujo de trabalho escravo é vendido às grandes empresas por “atravessadores” que, por meio de contratos informais, juntam sacas de diversas fazendas e revendem o produto em grande volume para as beneficiadoras, o que contribui para a falta de informações sobre a origem das amêndoas de cacau. Nos casos registrados, estavam envolvidas as empresas Olam International, Barry Callebaut e Cargill, que fornecem o produto para marcas de chocolate como Nestlé e Lacta (Mondelez).
*Dados do Ministério do Trabalho e Emprego sistematizados pela Repórter Brasil e pela Comissão Pastoral da Terra.
Boletim Monitor “Trabalho escravo no cacau da Bahia”: https://reporterbrasil.org.br/…/06/Monitor-6-Cacau-PT.pdf
Reportagem sobre as violações trabalhistas na indústria do cacau no Brasil: https://reporterbrasil.org.br/…/chocolate-com-trabalho…/