#38 60,4% dos trabalhadores resgatados do trabalho escravo são negros
Séculos de escravidão e a ausência de políticas para equalização de acesso a direitos justificam essa porcentagem impressionante: quase dois terços dos trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão são negros. Esses números, no entanto, podem ser ainda maiores, já que, de um total de 40.310 trabalhadores resgatados entre 2003 e 2021, menos de metade (apenas 17.115) declarou a raça. Entre os homens escravizados, o número corresponde a 46,9% de pardos e 13,4% de pretos. Entre as mulheres, a porcentagem de negras é de 61,9%, sendo 48,4% de pardas e 13,5% de pretas*.
De acordo com o relatório “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, em 2018 os negros ou pardos representavam mais de 75% das pessoas com menores rendimentos per capita no Brasil, sendo apenas 27,3% dos que estão no topo da pirâmide econômica. As desigualdades se mantêm em muitos níveis: apenas 11,9% das pessoas que ocupavam cargos gerenciais eram pretas ou pardas, tendo também menos oportunidades de trabalho e estudo.
*Dados do Ministério do Trabalho e Previdência sistematizados pela Repórter Brasil e Comissão Pastoral da Terra.
Foto: Sergio de Carvalho/MTP