Os impactos da soja em debate

Atingidos pelas lavouras de grãos de Campos Lindos, no Tocantins, se reuniram para diagnóstico entre os dias 20 e 22 de junho

Casa de seu Francisco recebeu os participantes (Crédito: Arquivo Repórter Brasil)

Casa de seu Francisco recebeu os participantes
(Crédito: Arquivo Repórter Brasil)

“Meu nome é Francisco, da comunidade São Francisco, minha terra beira o ribeirão São Francisco”. Assim se apresentou o dono da casa que acolheu os participantes do encontro. Sob a sombra de mangueiras, de um lado um morro e o cerrado, de outro compridos buritis sobre o brejo, camponeses e camponesas de cinco comunidades atingidas pela soja em Campos Lindos, no Tocantins, reuniram-se para avaliar como resistiram aos impactos até o momento e fazer um diagnóstico da situação atual. O contraste entre o cenário onde aconteceu o encontro e os imensos campos de soja, sem mangueiras ou buritis, impressiona. Outro contraste também chama atenção: o município é o maior exportador de soja do Estado e, ao mesmo tempo, o mais pobre do Brasil.

Para realizar o diagnóstico, inicialmente cada comunidade elaborou um mapa, apontando: os recursos naturais, seu uso e eventual degradação; a produção agropecuária; se o trabalho da família se dá apenas no lote ou se é necessário trabalhar nas fazendas; os espaços sociais e as residências; a situação da posse da terra. As comunidades participantes foram: Vereda Bonita, Passagem de Areia, Raposa, São Francisco e Sussuarana.

Grupo realizou diagnóstico dos impactos da soja (Crédito: Arquivo Repórter Brasil)

Grupo realizou diagnóstico dos impactos da soja
(Crédito: Arquivo Repórter Brasil)

No segundo dia, foi o momento de saber se os recursos – naturais, humanos, estruturais, financeiros – das comunidades estão vulneráveis em função de alguns riscos a que estão submetidos, como desmatamento, envenenamento por agrotóxicos, o avanço da soja. De acordo com o grupo, a soja é o fator que oferece mais impactos à região e acaba gerando outros problemas para as comunidades. O mau cheiro do veneno usado nas lavouras e as doenças que ele provoca, a contaminação das águas, a expulsão de famílias, a morte dos animais são alguns dos exemplos citados.

Por fim, o grupo analisou suas forças e fraquezas. A partir delas, em julho será feito um plano de ação com objetivo de ampliar a organização das comunidades, fortalecendo a resistência.  O encontro foi realizado pela Comissão Pastoral da Terra em parceria com a Repórter Brasil. O programa “Escravo, nem pensar!” iniciou sua atuação no município em 2008.