“O retorno maior é ver os alunos combaterem o trabalho escravo”
Veja depoimento de professora de Marabá sobre os projetos de prevenção realizados em sua comunidade
A Escola Municipal Pedro Valle, localizada na área rural de Marabá (PA), tem sido uma grande parceira na luta contra o trabalho escravo. Em 2010, ela desenvolveu o projeto “Trabalho escravo: esclarecer, educar e transformar” e produziu a peça de teatro “Esperança Perdida”, que narra a história de um trabalhador que se torna escravo em uma fazenda. A dramatização foi apresentada nas comunidades da região e se tornou filme, vencedor do prêmio de melhor filme amador no Festival de Cinema de Parauapebas.
Este ano, para expandir o alcance das ações, o vídeo foi exibido em sete escolas e outras três comunidades de Marabá e Parauapebas (PA), como parte do projeto “Trabalho escravo: informar para libertar”. Após as exibições, os estudantes-atores realizavam rodas de conversa sobre trabalho escravo e as situações de pobreza que levam o trabalhador a ser enganado pelas falsas promessas de aliciadores. Nas visitas, também foram apresentados materiais sobre trabalho escravo e um teatro de fantoches.
Juraci Alves Vieira, diretora da escola, conversou com a equipe do “Escravo, nem pensar!”. Assista a trechos de seu depoimento:
Os projetos da escola Pedro Valle foram financiados pelo Fundo de apoio a projetos “Escravo, nem pensar!”, com apoio da Catholic Relief Services (CRS).
Criatividade e a participação
Tentamos levar em nossas abordagens metodológicas a ideia de que não é necessário recursos gigantescos para realizar um bom projeto ou uma ação significativa que mobilize a comunidade escolar ou mesmo a comunidade do município como um todo.
Grande parte dos municípios nos quais atuamos é carente de recursos e, muitos, desprovidos da estrutura estatal, o que tem impacto imediato nas secretarias de educação e, por fim, nas escolas. O nível de precariedade pode ser impressionante. Nas nossas formações utilizamos materiais simples e baratos, como tentativa de inspirar os professores ao mostrar que é possível mobilizar poucos recursos para abordar a temática de uma forma menos ortodoxa, mas nem por isso com falta de esmero e cuidado. Além disso, seguindo o princípio de que é preciso valorizar o conhecimento prévio, todas as formações são construídas com a participação ativa do público, o que tem a ver com o nosso quarto princípio que é o dialogismo.