Mais um município se engaja na luta contra o trabalho escravo
Participantes desenvolveram plano para tratar do tema nas escolas e levantar o debate na região
Entre os dias 4 e 8 de abril, educadores e educadoras da rede pública e lideranças do município de Juína (MT) participaram da formação do programa “Escravo, nem pensar!”. Com essa atividade, o Mato Grosso ganha mais um importante pólo na rede de prevenção e combate ao trabalho escravo.
Os participantes debateram ao longo da semana a ocorrência de trabalho escravo e também discutiram outros aspectos relacionados com esse tema, como questão agrária, desmatamento, migração, trabalho infantil e exploração sexual. Eles destacaram a relevância de difundir o tema na região e o papel da escola para a mobilização em torno desses assuntos.
Realizada na Casa da Cultura do município, a formação teve dinâmicas, exibição de filmes e músicas, atividades em grupo, roda de conversa com membros da Comissão Pastoral da Terra do Mato Grosso e apresentações culturais.
Ao final, os participantes formularam planos de ação para abordar o tema em sala de aula, inserir o assunto nos conteúdos programáticos das escolas e envolver outros educadores, educadoras e lideranças em atividades para levantar o debate sobre trabalho escravo no município. Também planejaram o desenvolvimento de projetos pedagógicos para envolver a comunidade escolar e a formação de parcerias com entidades da sociedade civil e escolas.
A região
A formação foi também um momento privilegiado para que participantes e a equipe do “Escravo, nem pensar!” conversassem sobre o processo de “ocupação” do município, ocorrido na época do governo militar para exploração de terras e recursos naturais da Amazônia, a partir da década de 1970. Localizada na chamada fronteira agrícola amazônica, Juína passou por intensa exploração do garimpo de diamantes, sucedida pelo desmatamento para extração da madeira até que se consolidou a atividade pecuária. Atualmente, o município possui um dos maiores rebanhos do Estado.
Em libertações recentes no Mato Grosso, havia trabalhadores oriundos de Juína. Na região onde está localizada, conhecida no Estado como “Nortão”, são encontrados casos de desmatamento e flagrantes de trabalho escravo. Para estimular que essas questões sejam abordadas também em outros municípios, agentes do Centro de Formação e Atualização de Professores participaram da formação. Eles são responsáveis pela formação continuada de professores e professoras dos municípios vizinhos e podem incentivar abordagens interdisciplinares sobre o tema.
A formação recebeu apoio financeiro do Ministério Público do Trabalho em Alta Floresta e contou com a parceria da Secretaria Municipal de Educação de Juína, da Associação Rural Organizada Para Ajuda Mútua e da Comissão Pastoral da Terra. A equipe do programa retornará três vezes ao município, em um intervalo de seis meses cada, para acompanhar as atividades realizadas e apresentar novos materiais didáticos.