Escravo, nem pensar! inicia projeto de prevenção ao trabalho escravo em Minas Gerais
Ação será implementada em municípios com altos índices de exploração laboral das regiões de Passos e Patos de Minas
Nos dias 22 e 24 de agosto, a ONG Repórter Brasil deu início às atividades formativas do projeto “Escravo, nem pensar! em Minas Gerais – 2023”. A ação é realizada conjuntamente com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) e conta com a parceria da Organização Internacional do Trabalho e o apoio do Fundo Global para Erradicar a Escravidão Moderna e do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América. O objetivo é fortalecer o trabalho das equipes da rede pública de assistência social para atuar em casos de exploração laboral. Com isso, a iniciativa contribui para garantir um atendimento humanizado às vítimas e trabalhadores vulneráveis, conforme dispõe o fluxo nacional de atendimento às vítimas de trabalho escravo.
A metodologia do projeto consiste na formação de representantes de unidades socioassistenciais (CRAS, CREAS, Centro Pop. etc.) e órgãos gestores municipais para que atuem como multiplicadores sobre os temas discutidos em seus territórios. Para isso, serão realizados três módulos formativos entre agosto e dezembro, em que a equipe do programa Escravo, nem pensar! fornecerá ao público conteúdos a respeito do trabalho escravo e de assuntos correlatos, como tráfico de pessoas e trabalho infantil. Por sua vez, os participantes multiplicarão as referências para suas equipes técnicas e incorporarão essas temáticas em suas rotinas de atendimento aos usuários e em atividades para a comunidade em geral.
Foram selecionados para o projeto 52 municípios abrangidos pelas Diretorias Regionais de Desenvolvimento Social de Passos e Patos de Minas, vinculadas à Sedese-MG. A seleção dos municípios leva em consideração critérios como incidência de trabalho escravo e altos índices de vulnerabilidade socioeconômica.
Trabalho escravo em Minas Gerais
Minas Gerais é um local estratégico para o combate ao trabalho escravo. Na série histórica, que abrange o período de 1995 e 2022, o estado aparece em 2º lugar no ranking nacional em números de trabalhadores escravizados: foram 8.713 libertados em 391 casos. O problema no estado está presente em atividades urbanas como a construção civil, mas também na pecuária, produção de carvão vegetal e em lavouras, principalmente de café e cana-de-açúcar. Minas Gerais figura ainda como o terceiro principal estado de origem dos trabalhadores resgatados em todo o Brasil: aproximadamente uma em cada dez vítimas é mineira (11%).