Escravo, nem pensar! formará 10 mil professores no Maranhão
Programa de educação da ONG Repórter Brasil firma parceria com Secretaria de Educação do Maranhão para trabalho de prevenção ao trabalho escravo nas escolas
No último dia 1, o programa Escravo, nem pensar!, coordenado pela ONG Repórter Brasil, firmou parceria com a Secretaria de Educação (Seduc) do Maranhão para a formação de 10 mil professores sobre o tema do trabalho escravo nos próximos 12 meses. O Maranhão é o quinto estado brasileiro com mais números de trabalhadores resgatados; entre 1995 e 2005 foram mais de 3 mil pessoas libertadas de atividades na pecuária, carvoarias e lavouras. Além disso, 24% dos trabalhadores resgatados de todo o Brasil são provenientes do estado.
A situação é compreensível: o Maranhão é o estado com um dos piores IDH do país. “As populações vulneráveis estão mais suscetíveis a aceitar propostas de emprego enganosas e acabarem exploradas. O trabalho escravo e a precariedade socioeconomicamente são duas dinâmicas interdependentes”, explica Natália Suzuki, coordenadora do programa Escravo, nem pensar!.
O projeto prevê a formação de professores de municípios de sete regiões do Maranhão, que incluem 72 municípios, em que o trabalho escravo e a migração forçada são problemas salientes. Nessas áreas em que o Escravo, nem pensar! atuará, estão localizadas 316 escolas e 10 mil professores que atuam em todos os segmentos, do Ensino Fundamental ao Ensino de Jovens e Adultos.
“O projeto tem como enfoque pedagógico o combate e prevenção do trabalho escravo e fomentará a produção de projetos pedagógicos e práticas educativas sobre essa temática, contribuindo para que o Estado saia do cenário do trabalho escravo”, afirma Áurea Prazeres, secretária de educação do estado.
Duas etapas
A ação formativa acontecerá em duas etapas. A primeira será a formação de gestores da rede de ensino das regiões mencionadas. A etapa seguinte se refere ao trabalho de multiplicação a ser realizado por esses gestores: uma vez aptos a trabalhar com o tema do trabalho escravo, eles deverão formar os professores de suas regiões. A metodologia do projeto prevê atividades formativas presenciais e ações realizadas pelo método de ensino à distância.
“Esse projeto tem dois objetivos principais. O primeiro é criar uma rede de prevenção de comunidades vulneráveis e de proteção ao trabalhador para que ele não seja explorado. O segundo é institucionalizar o tema do trabalho escravo no sistema educacional de ensino do Maranhão para que ele seja abordado de forma contínua”, explica Suzuki.