Escravo, nem pensar! forma profissionais da Assistência Social sobre os temas da migração e trabalho escravo
Programa de educação da ONG Repórter Brasil realiza a sua primeira formação para os profissionais da área. A iniciativa visa ao aprimoramento do atendimento humanizado ao migrante e à assistência à vítima do trabalho escravo
No último dia 29, o Escravo, nem pensar! realizou o primeiro encontro formativo do projeto “Escravo, nem pensar!: atendimento humanizado ao imigrante e prevenção ao trabalho escravo”, dedicado à capacitação de profissionais de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) e Supervisões de Assistência Social (SAS) de regiões município de São Paulo com a maior presença de migrantes. A iniciativa é realizada em parceria com o Espaço Público do Aprender Social (Espaso), centro de formação da rede municipal da Assistência Social.
O objetivo do projeto, que será desenvolvido até 2018, é melhorar o atendimento às demandas da população migrante em situação de risco e a assistência a vítimas de trabalho escravo após o seu resgate.
“Em São Paulo, muitas vítimas do trabalho escravo são migrantes internacionais que acabam sem nenhum tipo de assistência ou acompanhamento após o resgate. O assistente social desempenha papel decisivo na vida dessas pessoas, pois o cuidado e o encaminhamento apropriados podem evitar que elas reincidam em novas situações de exploração e violações de direito. Contudo, ainda é necessário capacitar a rede para que esteja preparada para atender demandas específicas dos migrantes e internalizar em suas atividades cotidianas denúncias e o referenciamento de casos trabalho escravo”, explica Natália Suzuki, coordenadora do programa Escravo, nem pensar!.
Com essa ação, o Escravo, nem pensar! inaugura um novo escopo formativo e amplia o seu público-alvo que, desde 2004, tem sido os educadores da rede pública municipal e estadual em dez estados brasileiros. Mais de 300 mil pessoas foram beneficiadas com as ações do programa, implementadas em mais de 200 municípios. O novo projeto contempla a meta 30 do Plano Municipal para a Erradicação do Trabalho Escravo de São Paulo, que estabelece capacitação de “agentes públicos municipais de assistência social, saúde, segurança urbana, trabalho e educação sobre o enfrentamento ao trabalho escravo, tráfico de pessoas e violações correlatas”.
Como a Assistência Social pode contribuir com o enfrentamento ao trabalho escravo? Baixe o material informativo
Ao longo de quatro encontros formativos, a equipe do Escravo, nem pensar! fornecerá conhecimentos técnicos e material didático especializado sobre as temáticas da migração, trabalho escravo, tráfico de pessoas e assuntos correlatos para os profissionais da Assistência Social das regiões selecionadas. Também serão discutidas estratégias para a multiplicação dos conteúdos do projeto por parte dos profissionais formados em seus ambientes de trabalho e para a comunidade atendida por elas.
Primeiro encontro formativo
O público foi composto por 28 coordenadores e técnicos (assistentes sociais e psicólogos) dos CRAS, CREAS e SAS da: Sé, Cidade Tiradentes, Guaianazes, Itaquera, Mooca, São Miguel, Casa Verde, Jaçanã/Tremembé, Pirituba/Jaraguá e Vila Maria/Vila Guilherme. Esses profissionais são responsáveis por atender, cadastrar e encaminhar migrantes internacionais para os serviços do SUAS (Sistema Único de Assistência Social). No encontro, foram debatidos, por meio de exposição dialogada e exercícios interativos, conceitos relacionados à temática da migração, as condições de vida de migrantes internacionais no Brasil, a política migratória brasileira e os atuais fluxos para o município. Para subsidiar as atividades, o Escravo, nem pensar! forneceu materiais didáticos específicos sobre o tema.
Trabalhador resgatado do trabalho escravo receberá guia de acesso a programas sociais. Clique aqui e baixe o Guia.
No encontro, Fabiana Severo, defensora pública da União de São Paulo (DPU-SP) participou da formação, destacando os marcos regulatórios da política migratória no Brasil e o papel da instituição no atendimento ao migrante internacional. Também estiveram presentes Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI) e Centro de Apoio e Pastoral do Imigrante (CAMI), entidades da sociedade civil que fazem parte da rede de apoio a essa população na capital.
Haverá ainda outros três encontros em 2017 com o mesmo grupo, nos quais a equipe do Escravo, nem pensar! continuará o processo formativo sobre os temas do trabalho escravo, tráfico de pessoas e trabalho infantil. Também serão discutidas estratégias para a multiplicação dos conteúdos do projeto por parte dos profissionais formados em seus ambientes de trabalho e para a comunidade atendida por eles.
“Essa parceria com o Escravo, nem pensar! traz um benefício muito grande ao capacitar os profissionais dos equipamentos da Assistência Social sobre os direitos da população migrante no Brasil. Além disso, a iniciativa permite que os servidores formados ampliem o contato com a rede de instituições de apoio aos migrantes internacionais, podendo assim melhor atendê-los e orientá-los, principalmente aqueles em situação de vulnerabilidade” avalia Márcia de Souza Gonçalves, coordenadora do Espaso.