ENP! previne 105 mil do trabalho escravo no TO
Este é o primeiro projeto de prevenção ao trabalho escravo a ser realizado em nível estadual no Tocantins
Em 2018, o Escravo, nem pensar! preveniu 104.418 pessoas do trabalho escravo no Tocantins, envolvendo 284 escolas de 98 municípios vulneráveis ao aliciamento e a exploração de trabalhadores. O resultado decorre do projeto de formação continuada “Escravo, nem pensar! no Tocantins”, realizado pela Repórter Brasil e a Secretaria de Educação do Estado (Seduc-TO), que formou profissionais das DREs de Araguaína, Araguatins, Colinas do Tocantins, Gurupi, Palmas, Paraíso do Tocantins, Porto Nacional e Tocantinópolis, os quais foram responsáveis pela multiplicação dos conteúdos sobre o tema do trabalho escravo e assuntos correlatos nas escolas, ao longo de 2018.
“Além da grande quantidade de pessoas prevenidas, o projeto teve como marca o expressivo alcance territorial, com 98 municípios envolvidos. Esse resultado é de especial importância para o Tocantins, onde 81 dos 139 municípios do estado já registraram casos de trabalho escravo”, destacou Natália Suzuki, coordenadora do programa Escravo, nem pensar!, quando divulgou os números do projeto alcançados até então, no dia 13 de novembro, em Palmas (TO). Na ocasião, estiveram presentes representantes das entidades envolvidas no projeto.
Os resultados serão ampliados até o final do ano, quando todas as escolas participantes finalizarem as abordagens educativas sobre o tema. A iniciativa contou com o apoio do Ministério Público do Trabalho e parceria da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Coetrae-TO (Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo do Tocantins).
No evento de encerramento do projeto, o subsecretário de Estado de Educação, Robson Lopes, reforçou a relevância do papel dos profissionais da Educação na disseminação de informações sobre o trabalho escravo, a fim de mobilizar escola e comunidade e prevenir a ocorrência dessa prática.
Além de gestores e técnicos das oito Diretorias Regionais de Educação (DRE) participantes do projeto, compareceram os diretores das escolas de Palmas. A diretora da DRE Palmas, Cleizenir Divina dos Santos, pontua que o Escravo, nem pensar! se destaca por transformar a realidade dos alunos ao abordar uma temática tão urgente como o trabalho escravo. De acordo com a diretora, o projeto traz ainda como diferencial uma metodologia eficiente e materiais didáticos de qualidade.
Xavier Plassat, coordenador da Campanha Nacional de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo da CPT, relatou o forte engajamento dos alunos, professores, funcionários e comunidade extraescolar na execução do projeto. Plassat e outros integrantes da CPT participaram de atividades em mais de 50 escolas do Tocantins, especialmente aquelas localizadas na região norte do estado, onde casos de trabalho escravo e aliciamento de trabalhadores são frequentes.
Trabalho escravo no Tocantins
Como ressaltou Edilma Barros, coordenadora da Coetrae-TO, o Tocantins é o sétimo colocado no ranking nacional de trabalhadores resgatados do trabalho escravo entre 1995 e 2017 (3.044 resgatados). Na região Norte, o estado ocupa o 2º lugar [1]. O crime está intimamente ligado a atividades rurais, sobretudo em manutenção de propriedades agropecuárias e produção de grãos, como a soja. O estado também registra alto índice do problema em carvoarias.
[1] Os dados são do Ministério do Trabalho, somados a apurações e sistematização realizadas pela Comissão Pastoral da Terra.