Ocupando o campo do saber para erradicar o trabalho escravo
Considerando que na região os casos de trabalho escravo são frequentes, a escola buscou conscientizar os acampados sobre essa violação, construindo junto a crianças, jovens e pais conhecimentos e informações sobre o tema e formas de prevenção, envolvendo também, nas discussões e nas atividades, famílias de outros acampamentos da região.
Os 158 alunos da escola participaram de atividades que abordaram o tema do trabalho escravo. Houve exibição de vídeos e de reportagens, palestras, confecção de desenhos e foi formado um grupo de teatro. As professoras auxiliaram seus alunos durante as atividades e promoveram um concurso de desenhos, cuja premiação aconteceu no dia da culminância, em 27 de outubro de 2012. Os prêmios eram, sobretudo, materiais escolares como mochilas, cadernos, lápis de cor e canetas. Os alunos se empenharam bastante em suas atividades e ficaram muito empolgados e emocionados com o reconhecimento dos seus trabalhos, que foram expostos no dia do evento e puderam ser prestigiados por todos.
O projeto não atingiu somente os estudantes. Moradores do acampamento foram convidados a participarem de palestras, de sessões de vídeos e da culminância. Algumas pessoas concederam entrevistas aos alunos e deram relatos de experiências com o trabalho escravo. No dia da culminância, um morador, que já foi escravizado, contou a todos como foi aliciado para a fazenda em que trabalhou, como vivia e como era sua rotina de trabalho.Todos fizeram perguntas e ficaram indignados com a situação.
Além de elaborarem a peça e confeccionarem o cenário e os figurinos, os alunos também ajudaram na divulgação da apresentação e interpretaram as personagens. Foi a primeira vez que tiveram contato com o teatro: não apenas produzir e interpretar, mas também assistir a uma peça de teatro era novidade no Acampamento. A ideia inicial do projeto era apresentar a peça e realizar palestras e discussões em outros dois acampamentos, o Dina Teixeira e o Frei Henry, localizados também na mesma região.Porém, esses acampamentos passaram por um período de conflito agrário e não puderam receber o projeto. O grupo se apresentou em outro acampamento das proximidades, o Dalcídio Jurandir, mais conhecido como Maria Bonita. As apresentações foram o que mais agradou os alunos no projeto.