Lindô: um resgate cultural
O projeto quis promover o resgate da cultura quilombola de dança Lindô entre seus descendentes, chamando a atenção para a necessidade de implementação de políticas públicas voltadas para esse grupo étnico e para a erradicação da escravidão contemporânea entre seus praticantes.
Para colocar em prática as ações, os jovens do grupo se dividiram em seis equipes que executaram tarefas distintas: pesquisas em fotos, documentos e internet; entrevistas com pessoas que praticaram a cultura Lindô, os lindoeiros; filmagem; pesquisa de campo sobre o local onde aconteciam as manifestações; edição do material e realização de reuniões para socialização das informações.
Nas entrevistas, os jovens puderam perceber que a prática da escravidão contemporânea na região do município era frequente, apesar de não ser comum. A pesquisa sobre a dança em documentos escritos foi dificultada, pois poucos documentos foram preservados. Logo, a história oral foi o instrumento de pesquisa mais utilizado para coletar informações ricas e detalhadas. O contato entre as duas gerações permitiu a troca de experiências entre jovens e os praticantes mais antigos.
Estes contaram aos jovens sobre as reuniões que faziam após muitas horas de trabalho na roça, nas quais as rodas de música e dança alegravam o fim do dia exaustivo. Falaram também de experiências próprias ou daquelas de colegas que quiseram sair das fazendas em que trabalhavam, mas que sofreram ameaças, tendo que fugir no meio da noite.
Além do trabalho com os jovens, os coordenadores do projeto também se preocuparam em levar informações sobre trabalho escravo para estudantes, professores, funcionários e demais moradores de Muricilândia. As entrevistas foram filmadas e foi feito um documentário que servirá de registro e consulta a respeito da dança Lindô. Foram realizadas palestras em duas escolas do município e na Igreja Católica. O projeto foi finalizado com uma grande festa na praça dessa igreja, onde todos os moradores compareceram. Houve a apresentação da dança Lindô pelos jovens e adultos da comunidade, além de uma palestra sobre trabalho escravo. O momento da apresentação era muito aguardado pelos participantes do projeto que se empenharam em fazer um espetáculo emocionante a todos os presentes.