Educar para não escravizar e Ações de combate ao trabalho escravo – conhecer para combater
O município de Rio Maria já foi palco de inúmeros conflitos agrários, disputa pela terra e casos de trabalho escravo. Tendo em vista o histórico de violência e impunidade na região, as duas escolas buscaram disseminar informações e integrar ações para erradicar violações de direitos humanos. Para tal, realizaram discussões sobre o valor do trabalho e direitos trabalhistas, e debate em sala de aula e em atividades culturais sobre trabalho escravo e suas características.
As coordenadoras dos dois projetos desenvolveram as atividades com seus alunos em conjunto. Assim, os estudantes do Programa Brasil Alfabetizado e do CES Profº Antônio Vieira da Silva participaram de discussões sobre trabalho, direitos trabalhistas e trabalho escravo a partir da leitura de textos sobre o assunto.
O Programa Brasil Alfabetizado é destinado a pessoas a partir dos 40 anos de idade e idosos que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola na infância ou adolescência. Com esses alunos, todas as atividades contaram com auxílio direto das professoras. As leituras dos textos foram feitas em voz alta, e as produções textuais e artísticas foram escritas em conjunto. Como os alunos estão iniciando sua alfabetização, essa ferramenta foi essencial no processo e permitiu o início da discussão sobre o tema, além de incentivar a criação artística e a descoberta de novas áreas. Alunos relataram que era a primeira vez que desenhavam e escreviam, o que os deixou, a princípio, inseguros para realizarem uma quantidade maior de produções. No entanto, as discussões se tornaram riquíssimas, pois eles relataram sobre a exploração que sofreram quando trabalhavam, e alguns disseram que chegaram a ser vítimas de trabalho escravo.
Durante a execução do projeto, ao saberem do caso de trabalho escravo relatado por um aluno, as professoras do Programa Brasil Alfabetizado tiveram a ideia de gravar uma entrevista com ele. As perguntas foram elaboradas de modo que o entrevistado desse detalhes de como foi aliciado, da rotina de trabalho e de como conseguiu fugir. O formato da entrevista foi como a de um programa de TV: a aluna se vestiu e falava como uma verdadeira jornalista.
Os alunos do Programa e do CES participaram de palestras, assistiram a filmes e documentários, que fomentaram as discussões. Os alunos produziram também paródias, cartazes, gráficos, painéis, peças de teatro, poemas e desenhos sobre o tema.
Os trabalhos produzidos pelos alunos foram apresentados com muito ânimo para a comunidade do município de Rio Maria numa grande festa realizada nas dependências da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Rio Maria. Na ocasião, os alunos declamaram suas poesias, leram seus textos dissertativos, apresentaram músicas, paródias e peça de teatro. O CES Profº Antônio promoveu um concurso para premiar os alunos, autores dessas obras. A premiação ocorreu durante a culminância dos projetos e os alunos foram prestigiados por toda a comunidade. Os concursos promovidos por algumas escolas têm se mostrado um mecanismo muito interessante no comprometimento do aluno com a escola e os estudos. Os alunos executam as atividades de forma autônoma e se empenham nas produções e nas aulas.