Como abordar o tema do trabalho escravo na escola?
Escolas de Campinas (SP) participantes do projeto Escravo, nem pensar! articulam discussão sobre trabalho escravo com conteúdos das disciplinas. Ação fortalece o currículo escolar e fomenta práticas de Educação em Direitos Humanos
O debate sobre o tema do trabalho escravo não é fundamental no ambiente escolar somente para alertar crianças e jovens, ou seja, os futuros trabalhadores, sobre os riscos do trabalho escravo. A temática suscita reflexões críticas a respeito de questões sociais contemporâneas, como direitos trabalhistas e fluxos migratórios atuais por meio dos processos de aprendizagem. A abordagem do trabalho escravo pode ser feita a partir da sua inclusão no currículo escolar.
Isso permite que os professores articulem os conteúdos obrigatórios das disciplinas com a temática em questão. Em História, por exemplo, as distinções e semelhanças entre a escravidão dos períodos colonial e imperial e o trabalho escravo contemporâneo podem ser trabalhadas de forma comparativa. Já um professor de Geografia, por sua vez, pode relacionar os atuais fluxos migratórios internos e internacionais ao aliciamento de trabalhadores para situações de trabalho escravo.
O programa Escravo, nem pensar! da Repórter Brasil apresenta, no vídeo “Trabalho escravo no currículo escolar”, a experiência da inserção do trabalho escravo no conteúdo programático em escolas do município de Campinas. Os educadores problematizam o desafio de tratar temas relevantes com seus alunos, mas que não estão previamente previstos no currículo. Contudo, apontam a urgência de lidar com essas questões e a pertinência de contextualizá-las em seus conteúdos, como forma de atualizar as suas aulas e atender a “missão” de formar cidadãos. Essas escolas participaram de um projeto formativo realizado pelo programa, em parceria com a Diretoria de Ensino Campinas Oeste, entre agosto de 2016 e junho de 2017. A ação mobilizou 1.325 professores e 18.304 alunos de 42 escolas estaduais, além de 1.455 pessoas da comunidade, totalizando 21.084 pessoas engajadas na prevenção ao trabalho escravo.