Escolas e comunidades de Pacajá se engajam na luta contra o trabalho escravo
Município é o 48° a participar da formação de educadores e lideranças populares do programa “Escravo, nem pensar!”
A formação, que ocorreu entre os dias 6 e 10 de agosto, foi um importante momento de reflexão sobre o papel da educação na prevenção ao trabalho escravo. O público do encontro foi composto por 44 pessoas, entre professores, gestores da educação da rede pública de ensino e lideranças locais. Contamos com o apoio do Grupo de Articulação e Enfrentamento ao Trabalho Escravo no Pará (Gaete-PA) e com a parceria da Comissão Pastoral da Terra de Tucuruí.
Durante as atividades, houve interesse dos participantes pela definição do conceito de trabalho escravo e pela compreensão de como esse problema afeta a região da Transamazônica, onde Pacajá está situada. Discussões sobre questões relacionadas a trabalho, aliciamento de trabalhadores, questão agrária e fronteira agrícola foram suscitadas a partir de elementos da realidade local. Pacajá é o sétimo município em número de libertações, de acordo com o ranking organizado pela Comissão Pastoral da Terra, com 47 casos de trabalho escravo e 661 trabalhadores libertados desde 2000. Além disso, possui um histórico de conflitos no campo, como o caso do assassinato de 13 trabalhadores no Assentamento Rio Tucuruí em setembro de 2010.
Professores e professoras elaboraram planos de ação para o desenvolvimento de atividades nas escolas que abordarão o conteúdo discutido durante a formação. A ideia é que essas atividades mobilizem não apenas a comunidade escolar, mas também outros membros da comunidade, para a prevenção ao trabalho escravo contemporâneo. Um dos planos de ação, elaborados por três escolas, prevê a abordagem interdisciplinar da temática e a veiculação do conhecimento produzido por professores e alunos na rádio comunitária da cidade.
Os participantes da formação afirmaram que Pacajá, apesar do histórico de conflitos, é também lugar de construção de outras formas de produzir e viver. Eles mencionaram a existência de uma carvoaria certificada e da agricultura familiar, além do próprio trabalho dos professores na construção de uma cultura de direitos junto aos alunos.
“A partir das discussões e dinâmicas da formação, os participantes desenvolveram um novo olhar sobre a realidade local. O empenho na elaboração dos planos de ação, assim como na preparação e apresentação das atividades culturais, revelou a conscientização a respeito da educação como instrumento para a prevenção ao trabalho escravo”, avalia Thaís Favoretto, educadora do programa.
No final deste ano, o programa “Escravo, nem pensar!” se reunirá com os professores que participaram dessa formação para acompanhar as atividades desenvolvidas no município. Para saber mais sobre a formação em Pacajá, clique aqui.