Escolas de Campinas desenvolvem atividades didáticas de prevenção ao trabalho escravo contemporâneo
Coordenadores pedagógicos da rede estadual de educação de Campinas participaram do terceiro e último encontro da formação continuada sobre trabalho escravo e temas correlatos do Escravo, nem pensar!, programa de educação da ONG Repórter Brasil. A equipe do programa também visitou escolas participantes que realizaram atividades relacionadas ao projeto
O Escravo, nem pensar! realizou no dia 21 de junho, terça-feira, o terceiro e último encontro da formação continuada Escravo, nem pensar! de prevenção ao trabalho escravo em Campinas (SP) – 2016/2017 para coordenadores pedagógicos da rede estadual de educação do município. A formação aconteceu na sede da Diretoria de Ensino (DE) Campinas Oeste, parceira do projeto, e teve o apoio do Ministério Público do Trabalho – 2ª região (São Paulo).
O encontro contou com a participação de 45 profissionais, cada um responsável por uma escola estadual, e teve como objetivo sistematizar os resultados do projeto da formação continuada, iniciado em agosto de 2016. Para isso, os coordenadores pedagógicos apresentaram os resultados das abordagens educativas realizadas com alunos sobre trabalho escravo e temas relacionados, como o trabalho infantil, migração e tráfico de pessoas.
Na sistematização preliminar dos resultados, constatou-se que as escolas desenvolveram diversas produções didáticas, articulando os temas e materiais didáticos do programa com os conteúdos curriculares das disciplinas. Entre as experiências de destaque, a Escola Estadual Ruy Rodriguez inseriu os temas do projeto de maneira interdisciplinar, abrangendo inclusive as disciplinas de exatas e biológicas.
A Estadual Padre Antonio Móbili, por sua vez, realizou um júri simulado a partir de um caso real de trabalho escravo envolvendo trabalhadores bolivianos resgatados em uma oficina de costura. Já a Escola Estadual Messias Gonçalves Teixeira convidou o procurador do trabalho Nei Messias Vieira para realizar uma palestra sobre os temas do trabalho escravo e trabalho infantil para os alunos.
Segundo a avaliação do coordenador do Núcleo Pedagógico da DE Campinas Oeste, Aírton Clementino “o trabalho do Escravo, nem pensar! é muito relevante. Defendo que ele deveria ser estendido para todas as regiões, diretorias de ensino e escolas do estado de São Paulo. Por ser um tema que já é abordado dentro do currículo do estado, o desenvolvimento do projeto só vem acrescentar e somar ao trabalho do professor em todas as disciplinas”.
Após a conclusão desse trabalho, as escolas continuarão desenvolvendo atividades relacionadas ao tema do trabalho escravo e assuntos correlatos durante o ano letivo. Natália Suzuki, coordenadora do programa Escravo, nem pensar!, afirma que “com os ótimos resultados obtidos, o projeto deixa como legado a metodologia de abordagem desse tema social tão pertinente para a garantia dos direitos humanos dos atuais e futuros trabalhadores.”
Campinas é estratégico para o combate ao trabalho escravo no estado de São Paulo, por ser o maior município em número de habitantes do interior paulista e possuir intensa atividade econômica em setores como a construção civil. Ele ocupa o quinto lugar no ranking de municípios do estado com casos de trabalhadores resgatados dessa condição de exploração.
Visita às escolas
Durante a semana da formação, a equipe do Escravo, nem pensar! visitou escolas que estavam realizando atividades de encerramento do projeto. Na Escola Estadual Jamil Gadia, os alunos produziram diversos materiais em torno dos temas do trabalho escravo e tráfico de pessoas, como histórias em quadrinhos, poemas, literatura de cordel e gráficos. A apresentação das produções foi exposta em uma sala temática destinada ao projeto Escravo, nem pensar!. A Escola Estadual Jardim Rossim, por sua vez, realizou diversas apresentações musicais e teatrais, como dramatizações e paródias em evento que reuniu cerca de 200 alunos.
Além dessas atividades, a Escola Estadual Ouro Preto destacou-se pela realização de uma ação social com a comunidade, com o oferecimento de serviços gratuitos, como exames de oftalmologia, palestras sobre a previdência e direitos trabalhistas.