Pindaré-Mirim integra rede de prevenção ao trabalho escravo
Município maranhense participou do “Escravo, nem pensar!” entre os dias 22 e 26 de agosto. Ao todo, são 44 municípios participantes do programa
Zé Pindaré tem 30 anos, é casado e tem 3 filhos. Ele não tem terra, estudou até a 1ª série e é morador da Vila Mariana em Pindaré-Mirim, no Maranhão. Com a chegada de um “gato”, acaba sendo escravizado em uma fazenda de gado em Santana do Araguaia, no Pará. Esta história fictícia foi contada por educadores e educadoras que participaram da formação do “Escravo, nem pensar!”, mas poderia ser real: de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, pelo menos sessenta trabalhadores de Pindaré-Mirim foram libertados da escravidão pela fiscalização.
Participantes demonstraram bastante sensibilidade perante as informações sobre o trabalho escravo no Maranhão e no Brasil. Ficaram chocados com a situação dos trabalhadores e com a falta de punição para quem comete essa grave violação dos direitos humanos. Além do trabalho escravo, foram debatidas temáticas relacionadas, como a concentração fundiária, a exploração sexual de mulheres e meninas e a fronteira agrícola, entre outras.
A formação também contou com a participação de Elbna Carvalho e Gracinha Silva, do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia “Carmen Bascarán” (MA), e representantes da Justiça nos Trilhos, irmã Sandra Araújo dos Santos e Marcio Zonta. No quarto dia de formação, os participantes receberam Christiane Nogueira e Virgínia Passos, procuradoras do Ministério Público do Trabalho, que esclareceram dúvidas sobre os processos trabalhistas e sobre sua atuação no combate ao trabalho escravo.
A formação de cinco dias é o pontapé inicial para que escolas e comunidades de Pindaré-Mirim se engajem na luta contra o trabalho escravo, realizando atividades e levantando a reflexão sobre trabalho escravo junto à sociedade.