2 em cada 3 mulheres resgatadas de trabalho escravo no Brasil são negras
A maioria das mulheres vítimas de trabalho escravo no país são negras. Segundo o projeto Perfil Resgatado, da Repórter Brasil*, 66% são pretas ou pardas. Em números absolutos, isso representa 1.190 de um universo de 1.812 mulheres resgatadas entre 2003 e 2024 e cuja raça foi autodeclarada.
Dentre esse grupo, a maioria era natural da Bahia (22%), Minas Gerais (19%) e Maranhão (15%). O setor do café concentrou o maior número de registros, com 229 resgatadas, o equivalente a 23% do total.
Também foram identificadas 45 mulheres negras, provenientes da Bolívia, Venezuela e Paraguai. A maior parte das migrantes internacionais foi explorada no município de São Paulo em oficinas de costura, onde aconteceram 84% dos resgates. A juventude também se destaca nesse cenário: 58% das vítimas tinham entre 18 e 24 anos.
No Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, infelizmente ainda destacamos as violações e assimetrias que mulheres negras enfrentam no mundo do trabalho no Brasil. Além do trabalho escravo, elas foram mais afetadas pelo desemprego no segundo trimestre de 2024: a taxa foi de 10%, frente à média nacional de 6,9%, segundo o IBGE.
*A partir de dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
Publicado em 23 de julho de 2025