#113 Violência e precarização laboral atingem migrantes africanos no Brasil
Em abril, o senegalês Ngange Mbaye, que trabalhava como ambulante, foi baleado e morto durante uma ação da Polícia Militar (PM) no bairro do Brás, em São Paulo.
Este não é o único caso em que trabalhadores africanos são vítimas de violência e submetidos a péssimas condições laborais. O ocorrido se soma a outros episódios semelhantes: Em janeiro, o também ambulante senegalês Massamba Diop foi atingido na cabeça pelo disparo de uma arma de choque em outra ação da PM. Em 2022, o congolês Moïse Kabagambe, que trabalhava informalmente num quiosque no Rio de Janeiro, foi espancado até a morte por três homens após cobrar por um serviço prestado.
Esses casos não apenas evidenciam a violência direcionada a migrantes africanos, mas também estão inseridos em um contexto mais amplo de vulnerabilidade socioeconômica. Muitos migrantes de países da África estão na informalidade e, portanto, sem garantias trabalhistas e suscetíveis a situações de exploração. A dificuldade de regularizar a situação migratória é obstáculo para acessar empregos formais, ampliando a desproteção desses trabalhadores, os quais enfrentam jornadas exaustivas e baixos salários. Segundo o Dossiê Trabalho Escravo e Migração Internacional, da Repórter Brasil, comunidades de migrantes africanos permanecem invisíveis à sociedade e aos órgãos do Estado. Assim, seus problemas sociais, que incluem questões trabalhistas, são negligenciados.