Projeto Escravo, nem pensar! leva tema do trabalho escravo a escolas da Bahia

Programa educacional da ONG Repórter Brasil alcança 161 educadores de 63 escolas em 31 municípios da Bahia com formação sobre trabalho escravo e assuntos correlatos. Alunos serão engajados durante o segundo semestre de 2017

Nos dias 16 e 17 de agosto o Escravo, nem pensar! realizou em Salvador (BA), em parceria com a Secretaria da Educação da Bahia (SEC), o segundo encontro da formação continuada para gestores e técnicos da Educação da rede pública estadual de ensino sobre trabalho escravo e assuntos correlatos. Na ocasião, estiveram presentes 14 representantes dos três Núcleos Territoriais de Educação (NTE) participantes do projeto: Barreiras e Santa Maria da Vitória, ambos localizados no oeste do estado e Salvador, compreendendo a região metropolitana. Também compareceram ao evento oito membros da SEC.

Participantes reunidos durante o encontro

Desde o primeiro encontro formativo, realizado em março deste ano, pelo Escravo, nem pensar! os NTEs foram responsáveis por formar 161 educadores de 63 escolas, em 31 municípios do estado. Boa parte das escolas formadas já começou a desenvolver ações relacionadas à temática do trabalho escravo e assuntos correlatos, como aliciamento, migração, tráfico de pessoas e trabalho infantil, mas a maior parte das ações com a comunidade escolar da rede pública da Bahia se dará neste segundo semestre. (veja a galeria de fotos no final da matéria)

“Durante a formação, um debate é feito sobre as estratégias e ações que a Secretaria da Educação poderá realizar para averiguarmos se os pais dos nossos alunos estão trabalhando de forma legal, tendo seus direitos garantidos”, afirmou Rowenna Brito*, diretora de Educação e suas Modalidades da Secretaria de Estado da Educação.

Os participantes também revisitaram aspectos conceituais abordados no primeiro encontro, por meio de atividades didáticas e exposição dialogada conduzida pela equipe do Escravo, nem pensar!. A cadeia produtiva da carne e a ocupação da Amazônia e seus impactos, como desmatamento e trabalho escravo, foram alguns dos temas debatidos no encontro. Esses assuntos serão compartilhados com os educadores das escolas para o desenvolvimento de atividades educacionais.

Escravo, nem pensar! distribuiu material didático específico para o encontro

“No encontro, pudemos atestar o progresso dessa importante ação de prevenção trabalho escravo na Bahia. Além de engajar as escolas estaduais urbanas e do campo, seguindo os preceitos metodológicos do programa, os educadores estão criando parcerias locais com organizações da sociedade civil e do poder público para tornar pública essa discussão”, afirmou Thiago Casteli, assessor do Escravo, nem pensar!.

Os gestores e técnicos também tiveram palestras com representantes de instituições parceiras engajadas no combate ao trabalho escravo na Bahia. Alisson Santos, auditor fiscal do Trabalho do Ministério do Trabalho, explicou o papel do órgão no resgate de trabalhadores escravizados no estado. Ana Burato, diretora da ONG Avante, apresentou resultados de uma pesquisa com agentes públicos e trabalhadores de Tanhaçu e Itambé, municípios baianos de origem de grande número de trabalhadores explorados em outros estados. Por fim, Tatiana Gomes, da Associação dos Advogados dos Trabalhadores Rurais, discutiu o papel da entidade no apoio jurídico aos trabalhadores.

Também estiveram presentes representantes da Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo na Bahia (Coetrae-BA), coordenada pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social e da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre)

* Com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Educação – Professores da rede estadual fazem formação sobre trabalho escravo – 21/8/2017