Liberdade: direito de todo cidadão

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, entre 2003 e 2014, 23,6% do total de trabalhadores resgatados em todo o Brasil eram maranhenses. Nesse contexto, Codó é o principal município do maranhão que mais exporta trabalhadores escravizados em frentes de trabalho; entre 2003 e 2014, 343 eram procedentes dessa cidade. Diante dessa situação preocupante, a escola desenvolveu um projeto voltado à prevenção do problema na sua comunidade.

A realização de entrevistas com trabalhadores e empregadores foi um dos destaques do projeto. O foco foi dado à questão agrária e à migração por meio de perguntas sobre o trabalho no campo e a posse de terras e com migrantes, que partem em ônibus clandestinos para trabalhar em outros estados do Brasil. O contato com essas pessoas aproximou os alunos do tema, e os dados foram posteriormente sistematizados e estudados em sala de aula.

Como a escola já desenvolveu um projeto sobre o trabalho escravo contemporâneo em 2014, inicialmente foi feito um diagnóstico para checar o nível de conhecimento que os alunos tinham sobre trabalho escravo e tráfico de pessoas. Então, os temas do livro Escravo, nem pensar – Uma abordagem sobre trabalho escravo contemporâneo na escola e na comunidade foram distribuídos entre os professores e turmas que, ao longo do ano, desenvolveram produções textuais, paródias, dramatizações, poesias, maquetes, revistas em quadrinhos, jograis e teatro de sombras. Além das produções, a escola realizou uma palestra com especialistas sobre trabalho escravo e participou da Caravana da Liberdade – evento anual de prevenção ao problema, organizado pelo governo estadual – com faixas e entrega de panfletos.

“Os alunos conheceram todas as formas de trabalho escravo contemporâneo que existem em Codó. Também deram depoimentos de familiares e amigos que migraram com falsas promessas de trabalho para outros estados e, até mesmo, para fazendas no próprio município ou que já foram vítimas de trabalho escravo. Agora eles são multiplicadores para combater o problema.” – Maria das Graças de Andrade Oliveira, coordenadora do projeto.