Já chega de escravos, todos ganham quando somos livres

O projeto procurou conscientizar as comunidades dos acampamentos Anjical, no município de Cezarina, e São Benedito, em Varjão, sobre o tema do trabalho escravo a fim de erradicá-lo por meio da realização de discussões sobre direitos trabalhistas com camponeses e camponesas em dois acampamentos localizados em municípios próximos a Goiás.

A equipe de educadores da Comissão Pastoral da Terra de Goiás se dirigiu aos acampamentos para apresentar a proposta do projeto e as atividades. Uma das atividades propostas foi a apresentação do Teatro Fórum, ou seja, uma peça de teatro da qual o público participa ativamente, sugerindo desfechos para a encenação. Durante a conversa, a equipe pôde perceber o que eles sabiam sobre aliciamento, trabalho escravo, a figura do gato – pessoa responsável pelo aliciamento de trabalhadores que serão explorados – e direitos sociais, e colher algumas histórias de vida e relatos, que mais tarde ajudaram a criar o enredo da peça de teatro.

A equipe da CPT realizaria uma panfletagem em cada acampamento, porém os dois acampamentos acabaram sendo transferidos de local, impedindo o prosseguimento das atividades. No entanto, os proponentes não desanimaram: foram até o assentamento Palmares que acolheu com entusiasmo o projeto. Mesmo com a mudança, 10 pessoas do acampamento Anjical continuaram participando das atividades.

Com figurinos, materiais informativos e megafone, os educadores cantaram e chamaram o público para participarem do teatro. Depois, realizaram dois momentos de conversa: o primeiro sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos e as violações cometidas quando alguém é escravizado. No segundo, houve roda de conversa, entrevistas com moradores e distribuição de materiais além de entoarem gritos de ordem e cantos.

No dia da apresentação, o local havia sido preparado para o acolhimento do público e da equipe pelas pessoas do próprio assentamento. Houve um almoço coletivo e algumas apresentações como moda de viola e contadores de histórias e de piadas. Durante a apresentação da peça, as personagens interagiam com o público, suscitando indagações e reflexões. No “congelamento” da peça, quando o público interage e decide sobre o destino das personagens, a plateia foi muito participativa e surgiram cinco desfechos para o enredo que foram encenados pelos atores. No decorrer da história, os educadores puderam tornar mais claros os conceitos relacionados ao trabalho escravo e também onde e como realizar a denúncia.