Estrada para cidadania – Erradicar para libertar

A escola preocupou-se em trabalhar com os estudantes a relação entre a exploração do trabalho escravo e a degradação do meio ambiente. Por meio de atividades realizadas em sala de aula com filmes e confecção de maquetes, poesia, paródia, história em quadrinhos, desenhos e cartazes, o projeto teve como objetivo reduzir o aliciamento de jovens e adultos da comunidade e fazer com que cada participante se sentisse responsável pela preservação do meio ambiente.

Uma caminhada ecológica foi realizada com o propósito de chamar atenção da comunidade sobre o tema. Cerca de mil pessoas acompanharam a atividade, entre professoras, professores e estudantes da Escola Norte Goiano e de outras duas escolas. No trajeto, distribuíram para a população mudas de plantas e panfletos alertando sobre o trabalho escravo. As pessoas paravam para conversar com os estudantes e observar os trabalhos expostos durante a caminhada, que também foi noticiada nas rádios e TVs locais, o que fez com que o debate promovido pela escola ganhasse ainda mais destaque.

A escola preparou uma palestra sobre a “lista suja” do trabalho escravo, que é um cadastro dos empregadores flagrados utilizando esse tipo de mão de obra, organizado pelo Ministério do Trabalho. Alunos e alunas puderam identificar a presença de fazendas do Tocantins nessa lista. Houve também uma apresentação sobre cadeias produtivas que utilizam mão de obra escrava. O debate tratou das monoculturas de cana, soja e carvão presentes no Estado. Destacou-se a cadeia produtiva da pecuária, pois há muitos frigoríficos na região. Estudantes, mães e pais assistiram ao documentário “Carne, Osso”, produzido pela ONG Repórter Brasil, e discutiram os impactos desse tipo de atividade na vida do trabalhador.

Em função da ampla divulgação, alguns moradores se interessaram pelo projeto e procuraram a escola para saber mais sobre trabalho escravo, participando das atividades, nas quais puderam partilhar algumas experiências de trabalho vividas. Trabalhadores rurais demitidos de fazendas sem receber seus direitos foram orientados a procurar a Comissão Pastoral da Terra e o Centro de Direitos Humanos de Araguaína.