As lutas de um povo de uma comunidade quilombola

A ideia do projeto foi realizar pesquisa e produzir documentário sobre a história da comunidade, descendente de escravos, relacionando-a ao trabalho escravo contemporâneo. Fazer memória das lutas da comunidade foi o instrumento encontrado para fortalecer os laços de identidade e união entre os moradores e torná-los menos vulneráveis a situações degradantes de trabalho e ao assédio de aliciadores.

Cercada por grandes fazendas, o território da comunidade é cada vez mais reduzido, o que dificulta o plantio e faz com que os moradores, sem opção, procurem trabalho em fazendas, sujeitos a um tipo de escravidão diferente da enfrentada por seus ancestrais, mas que também ameaça sua dignidade. A partir disso, foi possível discutir a escravidão contemporânea. Quando tomaram contato com fotografias e relatos sobre formas desumanas de exploração do trabalho, alguns alunos e moradores perceberam que já haviam enfrentado situações semelhantes, ainda que sem saber que se tratava de escravidão.

A turma saiu a campo para entrevistar os moradores mais antigos, gravando os depoimentos. Nesse trabalho, os estudantes foram percebendo a mudança nos hábitos de vida e o esquecimento de algumas tradições: não tinham conhecimento das dificuldades vividas pelos mais velhos, nem que a luta pela terra havia sido tão penosa. Um morador contou que teve a casa incendiada por fazendeiros e só não foi morto porque não estava no local. Como a área em que vivem atualmente é muito restrita, os estudantes desconheciam as práticas agrícolas utilizadas pelos moradores no passado. Esses relatos compuseram material usado por professores e professoras para estudar a fundo a história que antes era conhecida apenas superficialmente.

O encerramento do projeto foi feito em uma grande festa com apresentação de lindô – dança tradicional da comunidade –, paródias e peça de teatro contando a história da fundação da comunidade.