A luta pela erradicação do trabalho escravo, tráfico de pessoas e exploração sexual

Existem casos de violações de direitos trabalhistas no município, tanto na zona rural como urbana. Em 2005, 1.003 trabalhadores foram resgatados da usina Destilaria Araguaia na segunda maior libertação de trabalho escravo do país. Além disso, a exploração sexual de jovens e adolescentes é uma preocupação crescente. Ao levar o tema do trabalho escravo para a sala de aula e comunidade, o CEJA desenvolve um papel muito importante de prevenção, principalmente por lidar com um grupo de jovens e adultos inseridos no mercado do trabalho, mas que, muitas vezes, ainda vive em condições de vulnerabilidade e, por isso, são mais expostos à exploração.

Como foi a segunda vez que o centro de ensino realizou um projeto com apoio do programa Escravo, nem pensar! – a primeira vez foi em 2010 –, esse foi a oportunidade de ampliar as suas ações. Naquele ano, o projeto se focou no espaço escolar e abordou o tema do trabalho escravo, com foco na zona rural. Neste ano, o projeto também tratou do tema tráfico de pessoas e da exploração sexual, com maior atenção aos casos na zona urbana.

Além de abordar os temas em sala de aula por meio de seminários, produção de textos, poemas, paródias, músicas e peças teatrais, as coordenadoras do CEJA estabeleceram parcerias com outras instituições e realizaram ciclos de palestras sobre os temas do trabalho escravo e tráfico de pessoas em escolas municipais e estaduais, igrejas, cooperativas rurais, eventos da cidade, entre outros.

Nesses encontros, professores e alunos descobriram casos de exploração sexual de crianças e jovens e de trabalho escravo na construção civil, além de outras graves infrações trabalhistas em frigoríficos e no comércio local – alguns dos casos ocorreram com os próprios alunos do CEJA. Diante disso, os educadores se preocuparam em orientar os alunos a como proceder quando são vítimas de infrações trabalhistas e, atualmente, estão elaborando um dossiê para denunciar os demais casos.

Ao final de todo o projeto, mais de duas mil pessoas foram impactadas pelas ações. As produções dos alunos – tanto de 2010 quanto de 2015 –, juntamente com fotos e depoimentos de trabalhadores, serão publicadas em um livro em 2016.

 “A nossa alegria foi imensa ao perceber que havíamos sensibilizado um público que estava além de nossas expectativas e conseguido registrar casos de exploração sexual e trabalho análogo ao escravo, que nos permitiram agir.” – Maria José Coelho de Castilho, professora e coordenadora do projeto