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Mão na massa

Esta seção é dedicada a ações de prevenção ao trabalho escravo. Você conhecerá experiências bem-sucedidas e indicações práticas de como abordar as temáticas do livro em ambientes formativos, especialmente nas escolas.

Experiências exemplares

Conheça os projetos realizados por escolas e entidades sociais de diferentes estados do país. Você pode se inspirar nessas atividades para engajar a sua escola e/ou a sua comunidade na luta contra o trabalho escravo

Planos de aula

Como levar os temas discutidos no livro para a sala de aula? Confira as sequências didáticas elaboradas pelo Escravo, nem pensar! como subsídio pedagógico para educadores

Experiências exemplares

Desde 2007, o Escravo, nem pensar! apoia projetos educativos de prevenção ao trabalho escravo, por meio do Fundo de Apoio a Projetos ENP!. Ao todo,  106 iniciativas de nove estados do país já foram contempladas . Confira algumas das atividades realizadas pelas escolas e organizações da sociedade civil engajadas nessa causa:

  • Palestras

    palestras

    Especialistas convidados pelos projetos são importantes para a veiculação de informações corretas sobre o tema

    Projeto: As condições de degradantes nas cerâmicas e o prejuízo ao meio ambiente
    Responsável: EMEF Joércio Fontineles Barbalho
    Município: Eldorado dos Carajás (PA)
    Ano: 2013

    Além de debater as condições de trabalho nas olarias da região e suas consequências ambientais, preocupou-se em levar informações corretas sobre direitos trabalhistas para estudantes e comunidade. Para isso, convidaram um advogado do município especialista no assunto para uma palestra nas dependências da escola.

  • Geração de renda

    Iniciativas de geração de renda como hortas comunitárias fortalecem a relação de comunidades e contribuem para o orçamento familiar dos participantes

    Projeto: ACOSAL: Gerar renda é gerar vida. Com o plantio de hortas
    Responsável: Associação Comunitária dos Pequenos Agricultores da Comunidade São Luís
    Município: Barras (PI)
    Ano: 2012

    O projeto discutiu com os moradores da comunidade a importância e as dificuldades da agricultura familiar e como ela pode prevenir o trabalho escravo. A comunidade se localiza no Semiárido piauiense e, além das adversidades climáticas, enfrenta dificuldades de financiamento e de assistência técnica. O trabalho escravo foi discutido com rodas de conversa e palestras com os moradores que construíram uma horta coletiva para complemento da renda das famílias da comunidade.

  • Pesquisas locais

    Conhecer o perfil socioeconômico do município é importante para entender e propor políticas públicas para diminuir a vulnerabilidade das famílias

    Projeto: Ações preventivas às práticas de superexploração do trabalho e tráfico de trabalhadores rurais
    Responsável: Comissão Pastoral da Terra
    Município: Itatira (CE)
    Ano: 2012

    Os responsáveis pelo projeto aplicaram um questionário em seis comunidades rurais para levantar informações sobre a migração sazonal para o corte de cana, as condições de trabalho e dados socioeconômicos dessa população. Os dados permitiram aos pesquisadores compreenderem melhor a dinâmica de migração no município e pensarem em alternativas e políticas públicas de melhorias de vida da população camponesa no seu lugar de origem. Assim, impedindo a migração forçada, os riscos de trabalhadores serem submetidos ao trabalho escravo diminuem. O projeto contou com a colaboração de estudantes da Universidade Federal do Ceará.

  • Documentários/filmes

    Documentários e filmes de autoria própria valorizam a história de vida local e descobrem novos talentos artísticos

    Projeto: Trabalho escravo: esclarecer, educar e transformar
    Responsável: Escola Municipal Pedro Valle
    Município: Marabá (PA)
    Ano: 2010

    O projeto da (PA) elaborou uma peça de teatro sobre trabalho escravo que foi apresentada em 9 escolas da região. A peça serviu de roteiro para o filme “A Esperança Perdida”, gravada e encenado pelos alunos e responsáveis pelo projeto. A obra venceu o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Parauapebas (PA), em 2011, e vendeu 200 cópias.

  • Programas de rádio

    Programas de rádio são ferramentas rápidas e abrangentes de veiculação de informações

    Projeto: Comunicar para Libertar
    Responsável: Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos (CDVDH)
    Município: Açailândia (MA)
    Ano: 2010

    O projeto produziu spots de rádio para serem veiculados durante o programa “Direitos Humanos, um desafio para a vida” da Rádio Arca FM. Elaborados pelos jovens voluntários em parceria com o os programas buscaram atingir os moradores do bairro Vila Ildemar que concentra o maior número de trabalhadores já libertados da escravidão no município.

  • Oficinas

    Além do intuito educativo, as oficinas são espaços de reunião e de troca de experiências entre os participantes

    Projeto: Alternativas de sobrevivência no Semiárido: Escravo, nem pensar!
    Responsável: Escola Municipal Profª Maria Joaquina Simões
    Município: Ibotirama (BA)
    Ano: 2013

    O projeto promoveu oficinas de confecção de bolsa de juta e de bonecas de pano para as mães dos estudantes. Além de oferecer alternativas de geração e complemento da renda familiar, as oficinas tiveram o intuito de estimular a autonomia da mulher e torná-la também protagonista da renda familiar. Com os alunos, foram realizadas oficinas de brinquedos produzidos a partir de sucata abordando-se também a questão ambiental. As bolsas, bonecas e brinquedos produzidos foram exibidos pelos alunos na passeata realizada no município para chamar a atenção da população para o tema do trabalho escravo.

  • Resgate da cultura quilombola

    Resgatar a cultura quilombola é também fortalecer os laços geracionais contribuindo para unidade das comunidades

    Projeto: Alternativas de sobrevivência no Semiárido: Escravo, nem pensar!
    Responsável: Associação Quilombola de Cocalinho
    Município: Santa Fé do Araguaia (TO)
    Ano: 2011

    O projeto abordou o trabalho escravo contemporâneo e, paralelamente, pesquisou as raízes da comunidade quilombola. Os alunos da Escola Municipal Emanuel fizeram pesquisa de campo e entrevistas com os moradores mais antigos da comunidade e gravaram os depoimentos. A partir das histórias de vida dos mais velhos, os alunos relacionaram como a escravidão antiga se relaciona hoje com a existência da comunidade, já que esta foi formada por descendentes de escravos negros fugidos. O reconhecimento da área como comunidade quilombola foi colocada em pauta. A ideia é conseguir o reconhecimento, por parte do governo federal, do título de comunidade quilombola. Com isso, os jovens teriam acesso a políticas públicas e melhores condições de vida, evitando assim a atual migração para o trabalho em fazendas.

  • Carteira de trabalho/direitos trabalhistas

    Munir os alunos com a documentação e com as informações necessárias para um emprego regularizado exerce pressão por garantias trabalhistas 

    Projeto: Lutando pela liberdade, idealizando uma vida melhor
    Responsável: Colégio Municipal Firmino Ferreira Sampaio
    Município: Piritiba (BA)
    Ano: 2010

    O projeto colocou em discussão a importância dos direitos trabalhistas e disseminou informações para prevenir o trabalho escravo. A escola levou os alunos maiores de 18 anos para obter sua carteira de trabalho no Serviço de Atendimento ao Cidadão do município de Jacobina (BA). Além disso, como forma de divulgação para a comunidade, alunos grafitaram o muro da escola com mensagens sobre trabalho escravo.

  • Hortas escolares

    Além do papel educativo, hortas escolares acabam sendo espaços de socialização e de ação coletiva

    Projeto: Trabalho, prazer, respeito e dignidade enobrecem o ser humano
    Responsável: Escola Estadual Santo Antônio
    Município: Confresa (MT)
    Ano: 2012

    Por meio do projeto, a equipe construiu uma horta. Localizada no assentamento de mesmo nome, a escola atende a outros três assentamentos da região. A horta contou com a ajuda dos moradores e alunos para dar as primeiras hortaliças e não só forneceu produtos para a merenda escolar, como também se tornou um espaço de conhecimento da vida e do trabalho dos produtores rurais. Em sala de aula, os alunos produziram cartazes, desenhos, paródias e poemas sobre o tema.

  • Grafitagem

    Na grafitagem, os alunos não só exibem seu lado artístico e enfeitam a escola, mas também informam a comunidade sobre a temática

    Projeto: Historiar a escravidão, grafitar a liberdade
    Responsável: Centro de Ensino Mary Dalva Castro Rocha
    Município: Açailândia (MA)
    Ano: 2012

    Além da abordagem em sala de aula, foram realizadas sessões de cinema, debates, análise de músicas e poemas. O projeto buscou incentivar o desenvolvimento artístico dos alunos com produção de textos, poemas, paródias, dramatizações, cartazes e banners. Para orientá-los no trabalho e ensinar novas técnicas, foram oferecidas oficinas de fotografia e grafite para os alunos com profissionais convidados para ministrar as atividades. Com os conhecimentos construídos ao longo das discussões e das oficinas, os alunos puderam registrar nos muros da escola suas opiniões a respeito do trabalho escravo por meio da grafitagem.

  • Passeatas e panfletagens

    As caminhadas e panfletagens engajam os alunos para além dos muros da escola e chamam a atenção da população e de autoridades públicas para o problema

    Projeto: Educação contra a escravidão contemporânea
    Responsável: Unidade Escolar Barão de Gurguéia
    Município: União (PI)
    Ano: 2008

    Os estudantes realizaram campanhas de prevenção na comunidade, com a criação de um mural informativo, paródias, textos dissertativos, história em quadrinhos, dramatizações, entre outras produções. Para chamar a atenção da comunidade e para informá-la, alunos e professores caminharam pelas ruas da cidade vestidos com a camiseta do projeto e carregando faixas. Além disso, distribuíram panfletos informativos sobre a questão fundiária e o trabalho escravo.

  • Concursos e cartilhas

    A publicação de cartilhas valorizam e reconhecem o trabalho dos alunos, e também podem ser recursos didáticos para a abordagem do tema em sala de aula

    Projeto: Educar para conscientizar, combater e formar: literatura, a arte que imita a vida
    Responsável: Sindicato dos Trabalhadores na Educação (Sintraed)
    Município: Santa Luzia (MA)
    Ano: 2010

    O projeto envolveu 11 escolas do município. Um concurso literário foi proposto para disseminar informações e prevenir a prática do trabalho escravo no município, bem como desenvolver habilidade de leitura, interpretação e produção de textos em alunos e alunas. Antes das escolas iniciarem as atividades, o Sintraed realizou uma formação com os professores para a inserção do tema em sala de aula. Depois da abordagem pelos professores, os alunos produziram desenhos, poesias e crônicas. Com o material produzido foi feita uma exposição e premiação dos melhores trabalhos que foram publicados em uma cartilha sobre trabalho escravo contemporâneo.

     

Para acessar o conteúdo de cada um dos projetos apoiados pelo Escravo, nem pensar!, clique aqui. A cada ano, o programa publica uma coletânea com as informações específicas de cada um dos projetos. Veja a seguir:

Planos de aula

Os planos de aula são referências básicas para se discutir os direitos humanos em ambientes educativos. Educadores podem se apropriar das orientações pedagógicas para formular aulas específicas ou projetos temáticos. As indicações levam em consideração os subsídios fornecidos ao longo do livro e outros materiais didáticos do Escravo, nem pensar!.

Ciclo do trabalho escravo

Duração: 2 aulas

Disciplinas: Artes, Filosofia, Geografia, História, Português, Sociologia

Objetivo: Apresentar a definição conceitual do trabalho escravo contemporâneo

Materiais necessários: Lousa, giz, cartolina e canetões

Publicações ENP!: Folha de referência, jogo digital, tarjetas ilustradas, fascículo Ciclo do Trabalho Escravo

1. Existe trabalho escravo hoje? (10 minutos)

  • Abra a atividade com essa provocação e transcreva os elementos apresentados pela turma na lousa. A ideia é estimular a participação dos alunos e reunir os conhecimentos que já possuem sobre o tema do trabalho escravo contemporâneo.
  • A turma pode trazer elementos desconexos ou coerentes relacionados ao tema. Destaque as palavras-chaves dos comentários e anote tudo, inclusive os elementos incoerentes.

2. Mergulhando no assunto (15 minutos)

  • Para aprofundar o momento introdutório e discutir o conhecimento da turma, apresente o vídeo “Aprisionados por Promessas”. O material apresenta depoimentos de trabalhadores resgatados do trabalho escravo.
  • É importante explicar que o trabalho escravo contemporâneo submete os trabalhadores a condições degradantes que anulam sua dignidade e a mecanismos que privam sua liberdade Ressalte as principais situações de violação sofridas pelos trabalhadores: ameaças, violência, isolamento geográfico, falta de alimentação adequada, alojamento impróprio, dívidas ilegais, jornadas exaustivas, retenção de salário etc. Como subsídio, você pode recorrer a esse conteúdo clicando aqui.
  • Confronte os fatos expostos no vídeo com os elementos apresentados inicialmente pela turma. A ideia é reforçar acertos, corrigir impressões parciais e equivocadas e consolidar novos conhecimentos sobre o tema.

3. Sistematizar o conhecimento (15-20 minutos)

  • Vamos agrupar os elementos do trabalho escravo presentes no vídeo e construir a partir delas o conceito de trabalho escravo contemporâneo. Para começar, separe a turma em cinco grupos.
  • Cole na parede ou na lousa um diagrama elaborado previamente numa cartolina. Ele deve exibir as duas principais categorias que definem o trabalho escravo: anulação da dignidade e/ou privação da liberdade.

 

TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO

ANULAÇÃO DA DIGNIDADE

E/OU

PRIVAÇÃO DA LIBERDADE

 

  • Ao lado do diagrama, cole uma cartolina com as características que compõem o trabalho escravo.
  • Cada grupo recebe uma cartolina com o diagrama desenhado. Eles devem relacionar as características exibidas na lousa com as categorias do diagrama, preenchendo assim as duas colunas. O exercício é similar ao apresentado no capítulo 01 deste livro. Confira aqui.
  • Após a conclusão do exercício, cole os diagramas da turma na lousa. Preencha o diagrama principal conforme o gabarito, compare e comente as relações feitas pelos grupos.

 

TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO

ANULAÇÃO DA DIGNIDADE

  • Alojamento precário
  • Jornadas exaustivas
  • Alimentação inadequada
  • Sem assistência médica
  • Falta de saneamento básico
  • Maus tratos e violência

E/OU

PRIVAÇÃO DA LIBERDADE

  • Dívida ilegal
  • Isolamento geográfico
  • Retenção de salário
  • Ameaças físicas e psicológicas

 

  • Entregue a ficha de referência para cada aluno. Eles devem anotar o resultado do exercício.
  • Para finalizar, ressalte que o trabalho escravo contemporâneo é um crime definido por esse conjunto de características. Na maioria dos casos, tanto a dignidade como a liberdade do trabalhador são desrespeitadas. Mas, de acordo com a legislação, não é necessário que todos esses elementos estejam presentes numa situação para que seja configurada como trabalho escravo. Assim, por exemplo, a constatação de diversas características da anulação da dignidade já pode definir o crime, não precisando necessariamente da presença de aspectos da privação da liberdade. Por isso, o “e/ou” no diagrama.
  • Leia com a turma o artigo 149 do Código Penal, que classifica o trabalho escravo como crime. O texto consta no verso da folha de referência.

4. Jogando se aprende

  • Para aprofundar o contato com o tema, como tarefa de casa, peça para a turma acessar o Jogo digital Escravo, nem pensar!. Essa experiência pedagógica estimula a sensibilização em relação aos abusos sofridos por trabalhadores na vida real. No jogo, o aluno conduz um trabalhador que deixa sua cidade natal em busca de melhores condições de vida e acaba sendo explorado. O objetivo é fugir e denunciar a exploração.
  • Os alunos devem anotar a lápis as etapas pelas quais o personagem passa até ser libertado do trabalho escravo. A folha de referência tem um espaço específico para isso. Com base nessas informações, na próxima aula será construído o Ciclo do Trabalho Escravo.

AULA 02

5. Aprofundando o assunto (30 minutos)

  • Abra a conversa perguntando sobre o desempenho dos alunos no jogo. Em seguida, peça para que alguns alunos relatem suas anotações. Caso tenham errado a ordem das etapas, não há problema. No momento seguinte, você indicará a resposta certa.
  • Terminado o diálogo inicial, é hora de se construir o Ciclo do Trabalho Escravo. Clique aqui e baixe as tarjetas ilustradas que representam cada uma das etapas do ciclo. Leve-as impressas e cole as tarjetas na lousa ou na parede em movimento anti-horário. Para ligá-las, cole as setas. Conduza a exposição de modo que os alunos possam construir com você a sequência das etapas, narrando o passo-a-passo do personagem no jogo. No final, peça para os alunos fazerem as correções necessárias nas folhas de referências. Gabarito:

1. Município de origem
2. Aliciamento
3. Migração
4. Trabalho Escravo
5. Fuga
6. Denúncia
7. Fiscalização
8. Libertação
9. Retorno ao município de origem

6. Fechamento (05 minutos)

  • Momento de sanar dúvidas.

7. Exercícios

Sobre o Ciclo do Trabalho Escravo, você pode criar com os seus alunos outras atividades como:

  • Poemas e paródias sobre o tema
  • Histórias em quadrinho
  • Dramatização
  • Desenhos próprios para as etapas do ciclo

Tráfico de pessoas

 

Objetivos: Discutir o conceito de tráfico de pessoas

Recursos didáticos: Papel kraft, pincel atômico, lousa, giz, aparelho de TV e DVD ou computador e projetor

Disciplinas: História, Geografia, Sociologia, Filosofia

Tempo: 2 aulas

Material de apoio: Documentário “Tráfico de pessoas: uma lenda urbana real”

1. Pesquisa e construção do conceito (30 minutos)

Essa atividade consiste na pesquisa e construção coletiva do conceito de tráfico de pessoas. Em sala de aula, divida os alunos em grupos* e peça aos mesmos para pesquisarem em livros, cartilhas, sites e jornais sobre o tema. Para orientá-los, você pode entregar um guia com os principais pontos que devem ser pesquisados e passar pelos grupos tirando possíveis dúvidas.

  •  O que é o tráfico de pessoas e quais são suas etapas?
  • Por que existe o tráfico de pessoas?
  • Quais as principais vítimas desse crime?
  • Qual a abordagem dos aliciadores? O que prometem para as vítimas?
  • As vítimas trabalham no mesmo local em que vivem?
  • Quais são as condições de trabalho no local? Elas podem deixar o emprego quando quiserem?
  • Quais os mecanismos usados para manter a vítima no local?
  • Há relatos de situações semelhantes no município?

2. Etapas do tráfico de pessoas (20 minutos)

Você já terá uma ideia do conhecimento prévio dos alunos sobre a temática e saberá os pontos que merecem mais atenção durante a definição. Com uma tabela já montada em papel kraft (veja exemplo abaixo), como a do exercício proposto na seção “O que é tráfico de pessoas?”, pergunte aos alunos quais são as etapas do tráfico. Conforme eles falarem, você completa a tabela com as informações dadas (em verde).

TRÁFICO DE PESSOAS

1ª ETAPA: Aliciamento

  • Tipos
  • adiantamento
  • falsas promessas
  • exploração da situação de vulnerabilidade
  • fraude

2ª ETAPA: Deslocamento

  • Tipos
  • migração
  • migração forçada
  • rapto
  • contrabando de migrante

3ª ETAPA: Exploração

  • Mecanismos
  • dívida ilegal
  • agressões físicas
  • ameaças constantes
  • coação
  • isolamento cultural
  • documentos retidos
  • alojamento
  • comercialização de pessoas
  • Tipos
  • exploração sexual
  • trabalho escravo
  • comércio de órgãos e tecidos humanos
  • adoção ilegal
  • casamento forçado
  • mendicância forçada
  • Você pode deixar a tabela colada na parede da sala para retomar o conceito na aula seguinte ou, se não for possível, guarda-la e leva-la posteriormente. 
  • Monte a quantidade de grupos de acordo com a quantidade de alunos na sala e tendo em vista o tempo de apresentações da aula seguinte

Aula 2

 

3. Dramatizações (20 minutos)

  • Retome e relembre a discussão da aula anterior. Os mesmos grupos da aula anterior deverão criar e apresentar uma breve e simples dramatização sobre tráfico de pessoas para o trabalho escravo ou para a exploração sexual. Se forem muitos grupos, peça que dois grupos, um de cada tema, apresentem.

 

  • Provavelmente, os alunos criarão personagens que não sabiam para que tipo de trabalho seriam levados e que seriam explorados. Durante as apresentações, anote possíveis erros ou confusões conceituais para discutir e esclarecer com os alunos.

 

4. A questão do consentimento (30 minutos)

  • Depois pergunte para turma: e se as personagens soubessem qual seria o trabalho e em que condições trabalhariam, deixaria de ser uma violação?
  • Faça a mediação da discussão para que todos possam falar e ser ouvidos e anote os principais argumentos contra e a favor na lousa. É possível que argumentos como “querer vida fácil”, “ganhar muito e trabalhar pouco” surjam.
  • Em seguida, apresente o trecho do documentário “Tráfico de pessoas: uma lenda urbana real” sugerido no capítulo 2 deste livro.
  • O trecho mostra que o fato da vítima saber que irá se prostituir, ou trabalhar no corte de cana, ou na derrubada da mata não a impede de sofrer a exploração por outra pessoa. A discussão é importante principalmente para mudar o viés que muitas vezes é dado para a abordagem do tema, responsabilizando a vítima por sofrer a exploração e, eventualmente, anulando o crime. Além disso, reafirma-se a definição do conceito.
  • Para complementar a abordagem sobre o tema, você pode exibir alguns filmes ou documentários, como os sugeridos na Biblioteca Digital deste livro. Você pode organizar também uma campanha de prevenção e de informação sobre o tráfico de pessoas na escola, com a confecção de cartazes, panfletos e ações como palestras e caminhadas pela cidade.

Migração

 

Objetivos: Conceituar a migração como direito humano e abordar os diferentes motivos que levam as pessoas a migrar. Discutir também o fenômeno de expulsão que pode tornar as pessoas mais vulneráveis ao aliciamento, trabalho escravo e outras formas de exploração.

Recursos didáticos: Lousa, giz, aparelho de DVD e TV ou computador e equipamento eletrônico para projeção

Disciplinas: Geografia, História, Sociologia, Filosofia

Tempo: 2 aulas

Material de apoio: Caderno “Migração, o Brasil em movimento” e Filme “Migrantes

Aula 01 Migrações

 

1. Entrevista com um migrante

Após discutir o conceito e os tipos de migração em sala de aula, com o subsidio do capítulo Migração, você pode propor aos alunos que entrevistem parentes, vizinhos ou amigos migrantes para saber um pouco da trajetória de vida dessas pessoas. Se houver alunos que já passaram por essa experiência, eles mesmos podem relatar suas histórias. Para isso, algumas perguntas podem ser feitas como estímulo:

  • Por que saiu de seu município?
  • Quando ocorreu e como foi para o novo local?
  • Partiu sozinho ou com mais alguém?
  • Como escolheu o(s) município(s) em que foi viver?
  • Já conhecia alguém no novo local?
  • Quais expectativas você tinha ao sair? Quando chegou, era o que esperava?
  • Teve alguma dificuldade? Sofreu algum tipo de discriminação?

Aula 02 – Migração forçada

2. Painel das entrevistas (15 min)

  • De volta à sala de aula, peça para alguns alunos contarem o que ouviram nas entrevistas. Além de compreenderem os motivos da migração, poderão ver que não se trata de um fenômeno distante, mas que faz parte da vida de seus amigos ou familiares e, muitas vezes, de sua própria experiência. Os diversos motivos apresentados podem ser usados para desconstruir a imagem dos migrantes como vítimas da pobreza e mostrar que são sujeitos de suas histórias.
  • Conforme os alunos relatarem as entrevistas, anote na lousa os diferentes motivos agrupando-os em duas colunas, migração espontânea e forçada, mas sem nomeá-las. É importante atentar para o último tipo e, se preciso, procure saber mais detalhes sobre os motivos dessa migração. Uma vez sistematizados, faça perguntas que levem os alunos a concluírem que as histórias estão sendo agrupadas em dois gêneros de migração. Em seguida, escreva os termos migração forçada e migração espontânea, revelando as categorias que organizaram os elementos das duas colunas. Para concluir a explicação, você consultar como subsídio a (seção Por que as pessoas migram? deste livro.

3. Aprofundando o assunto (30 min)

  • O próximo passo consiste no aprofundamento sobre migração forçada e a situação de vulnerabilidade a que alguns migrantes estão submetidos. Exiba um trecho do filme Migrantes (2007, Beto Novaes, 37’19” a 45’) . O filme mostra as difíceis situações econômicas em que vivem as famílias de Elesbão Veloso (PI). Discuta com a turma o processo de migração apresentado a partir das seguintes questões:
    • Como era a vida das pessoas mostradas no filme?
    • Por que saíram de suas cidades?
    • Elas queriam sair? Tinham possibilidade de ficar?
      O que irão fazer no novo local?
  • Problematize como a vulnerabilidade socioeconômica aumenta os riscos de as pessoas aceitarem falsas promessas de emprego, serem aliciadas, caírem no trabalho escravo ou mesmo passarem por outras violações de direitos.

4. E realidade local? (05 minutos)

  • Para concluir, discuta o tema tendo em vista a realidade local do seu município:
    • Ele é local de saída ou de chegada de pessoas?
    • Para onde elas vão ou de onde vêm?
    • Como chegaram/saíram do município?
    • Há algum bairro ou região específicos no município onde migrantes se estabelecem?
    • Como são vistos pelos habitantes locais?
  • Possivelmente os alunos já terão obtido essas informações com as entrevistas, e as perguntas os ajudarão a organizá-las. O intuito é identificar se o município é polo de atração ou de expulsão de pessoas e o que as fazem chegar ou sair. Também se pode discutir as mudanças sociais que podem evitar essa expulsão, como o acesso à terra, à educação, iniciativas de emprego e renda no local de origem etc.
  • Você pode pedir aos alunos que realizem trabalhos individuais ou coletivos sobre o tema, como seminários, dramatizações, documentários, paródias, poemas, histórias em quadrinhos/cordel e redações.

Trabalho infantil

Duração: 02 aulas

Disciplinas: Artes, Filosofia, Geografia, História, Português, Sociologia

Objetivo: Definir o que é o trabalho infantil, apresentar aspectos da legislação que regulam a entrada de jovens no mercado de trabalho e discutir alguns mitos que naturalizam o problema do trabalho infantil

Materiais necessários: Lousa, giz, cartolina e equipamento eletrônico para projeção.

Publicações ENP!: Meia Infância – O trabalho infanto-juvenil no Brasil hoje, reportagem sobre trabalho infantil doméstico, folha de desenho “Semáforo do Trabalho”, questionário e documento sobre os mitos do trabalho infantil

1. O que é trabalho infantil? Conhecem alguém que passa por isso? (05 minutos)

  • Provocação inicial estimula os alunos a informarem casos conhecidos e suas impressões sobre o tema. Surgiram aspectos negativos (abandono da escola, acidentes, sem tempo para brincar etc) e alguns pretensamente positivos (autonomia, dinheiro próprio etc). Registre na lousa os principais elementos apresentados pela turma.

2. Primeiro contato com o tema (15 minutos)

  • Para ter mais contato do assunto, entregue a reportagem sobre trabalho infantil doméstico. Para envolver toda a classe, cada aluno pode ler uma frase em voz alta, a partir de determinada fileira. Em seguida, provoque uma discussão com as seguintes indagações: Cristina consegue ir à escola tranquilamente? Quando Cristina brinca? No final da discussão, ressalte que, por conta do peso dessas tarefas no seu cotidiano, Cristina é vítima de trabalho infantil doméstico.
  • Para aprofundar a discussão, faça novas perguntas: Essa situação ocorre em outros tipos de trabalho? Afeta só meninas? Neste momento, a partir dos elementos apresentados pelos alunos, comente sobre outros casos de trabalho infantil. Importante que fique claro para a turma que as características de exploração são as mesmas, independente da atividade.

3. Trabalho infantil e a entrada dos jovens no mundo do trabalho (20 minutos)

  • Entregue a folha de desenho “Semáforo do Trabalho”. Trata-se de uma reprodução em preto e branco de uma cena que será vista a seguir num vídeo. Nela estão desenhadas quatro figuras de faixas etárias distintas. Ao lado de cada uma existe um semáforo. Os alunos devem observar no vídeo qual é a cor relacionada a cada personagem. As cores indicarão se o trabalho é liberado (verde), se é motivo de alerta (amarelo) ou se é proibido nas respectivas faixas etárias.
  • Exiba o vídeo Meia Infância. Ele faz uma apresentação geral sobre o trabalho infantil e detalha as permissões e proibições presentes na folha. Caso não consiga exibir o vídeo em sala, peça para os alunos assistirem o vídeo em casa e levarem as folhas com as respostas coloridas na próxima aula.
  • Veja se há dúvidas sobre o tema e faça uma fala de fechamento, destacando os principais pontos discutidos.

4. Questionário (05 minutos)

  • Na próxima aula serão debatidos as consequências do trabalho infantil. Para isso, a tarefa de casa será entrevistar um adulto sobre o acham do trabalho na infância. Entregue o questionário para cada aluno e explique que o entrevistado deve responder se considera os quatro enunciados verdadeiros ou falsos.

AULA 02

5. Mitos do trabalho infantil – Sistematização dos questionários (30 minutos)

  • Na lousa, faça uma tabela simples e preencha com as ajuda dos alunos. Peça para os eles levantarem a mão se o entrevistado respondeu “verdadeiro” para o primeiro enunciado. Conte o número de mãos erguidas e anote na lousa. Depois faça o mesmo para saber o número de pessoas que responderam “falso”. Repita o mecanismo para os demais enunciados.
ENUNCIADOS VERDADEIRO FALSO
I.
II.
III.
IV.
  • A única resposta certa é “falso” para todos os enunciados, afinal todas elas, de certo modo, endossam e escondem o lado perverso do trabalho infantil. Discutir a cultura de aceitação é fundamental para erradicar essa problemática. Por isso, o exercício serve como “termômetro” do senso comum sobre o trabalho infantil e indica para as crianças o que as pessoas fora da escola pensam sobre o tema. Com base neste documento, explique para a turma os argumentos que contrariam os enunciados.

6. Divulgação

  • Para compartilhar a atividade com o resto da escola, você pode dividir a turma em quatro grupos e pedir para elaborarem cartazes com os resultados das entrevistas. Os cartazes podem estar acompanhados de recortes de revistas e desenhos dos próprios alunos.