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Linha do tempo

Quando se fala em trabalho escravo no Brasil, é comum que a imagem da escravidão colonial e imperial venha à mente. O trabalho escravo contemporâneo difere daquele antigo sistema escravista, como mencionamos na seção sobre trabalho escravo, mas ambos são violações de direitos humanos.

Para erradicá-las, foram desenvolvidas inúmeras estratégias pela sociedade civil e pelo Estado em diferentes épocas. Veja na linha do tempo, os principais marcos dessa história de combate.

 

  • 1850

    Assinatura da Lei Eusébio de Queirós, que proíbe o tráfico transatlântico de escravos.

  • 1871

    Aprovação da Lei do Ventre Livre, que concedeu liberdade às filhas e filhos de escravos nascidos a partir dessa data.

  • 1885

    Publicação da Lei do Sexagenários, que tornava livre os escravos com mais de 65 anos.

  • 1888

    Assinatura da Lei Áurea, que abole a escravidão no Brasil. A partir de então, fica proibido o direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra.

  • Década de 1910

    Registro de condições de exploração de trabalhadores, similares a de trabalho escravo, nos seringais da Amazônia.

  • 1940

    “Reduzir alguém à escravidão” é considerado crime, segundo o artigo 149 do Código Penal.

  • 1970

    Primeiras denúncias sobre o trabalho escravo contemporânea do bispo D. Pedro Casaldáliga, em São Félix do Araguaia (MT) pela sua Carta Pastoral.

  • 1975
  • 1989

    Tentativa de homicídio ao trabalhador José Pereira, que fugia da escravidão em uma fazenda no Pará. O trabalhador perde a visão de um dos olhos.

  • 1994

    Denúncia do caso José Pereira à Organização dos Estados Americanos (OEA) pela CPT, Cejil e Human Rights Watch.

  • 1995
    • Início do julgamento do caso José Pereira pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
    • Reconhecimento da existência do trabalho escravo contemporâneo por parte do governo brasileiro. Brasil é uma das primeiras nações do mundo a admitir o problema em seu território.
    • Criação do Grupo Móvel de Fiscalização , responsável por fiscalizar as condições de trabalho nas propriedades e libertar trabalhadores escravizados.
  • 2001
    Fundação da ONG Repórter Brasil, organização dedicada ao combate do trabalho escravo e outras violações de direitos humanos por meio do jornalismo, pesquisa e ações educativas.
  • 2002
  • 2003
    • Compromissos relacionados ao combate ao trabalho escravo por parte do governo brasileiro são firmados, como parte do acordo amigável com a CIDH para o caso José Pereira.
    • Instituição da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae).
    • Reformulação do artigo 149. O conceito de trabalho escravo passa a incluir os seguintes elementos: “trabalho forçado”, “jornada exaustiva”, “condições degradantes de trabalho” e “restrição da liberdade dos trabalhadores” em sua definição.
    • Criação da Lista Suja. Coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego e Secretaria de Direitos Humanos, o documento publica, a cada semestre, os nomes de empregadores que praticaram o crime de trabalho escravo.
  • 2004
    • Chacina de Unaí: assassinato de um motorista e três auditores fiscais do trabalho durante uma operação de fiscalização em Unaí (MG).
    • Fundação do Escravo, nem pensar!, da Repórter Brasil, programa educacional dedicado ao combate ao trabalho escravo por meio de ações de prevenção.
  • 2005
    • Criação do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo , pelo qual empresas brasileiras e multinacionais assumem o compromisso de não comprar matéria prima fabricada com trabalho escravo.
    • Maior quantidade de trabalhadores libertados em um flagrante: 1.003 pessoas eram escravizados na Destilaria Gameleira , em Confresa (MT), já reincidente no crime. A exploração se repete em 2009.
  • 2006
  • 2007
    Registro de 17 mortes por trabalho escravo em canaviais brasileiros.
  • 2008
  • 2009
  • 2011
    Libertação de imigrantes escravizados pela marca de roupa Zara: o caso dá visibilidade à exploração de latino-americanos no setor têxtil em São Paulo. Reincidente no crime, a marca viu suas ações despencarem na bolsa de valores.
  • 2013
    • Maior condenação do país por uso de mão obra escrava: R$ 5 milhões de indenização pagos pela empresa Lima Araújo Agropecuária por ter escravizado 180 trabalhadores.
    • Pela primeira vez, a quantidade de trabalhadores resgatados do trabalho escravo em atividades urbanas é maior do que a quantidade de casos ocorridos na zona rural devido às libertações na construção civil.
    • Registro dos primeiros casos de haitianos escravizados no Brasil, trabalhando na construção civil, mineração e indústria têxtil.
  • 2014
    Aprovação da Emenda Constitucional 81 , que prevê a expropriação de propriedades rurais e urbanas nas quais for flagrado o uso do trabalho escravo para a destinação delas à reforma agrária ou programas de habitação.