Oficina em Araguaína debate cadeias produtivas e trabalho escravo

A atividade contou com a presença de educadores, educadoras e entidades que atuam na prevenção e no combate ao trabalho escravo

Oficina teve participação de escolas e entidades (Crédito: Gustavo Ohara)

Oficina teve participação de escolas e entidades
(Crédito: Gustavo Ohara)

Enquanto saboreia o churrascão de domingo ou toma banho com um cheiroso sabonete você imagina que os produtos carregam a mancha do trabalho escravo? Ou que contribuem para a derrubada da floresta amazônica? As pessoas que participaram da oficina “Cadeias produtivas e trabalho escravo”, realizada no último dia 9 em Araguaína, no Tocantins, pensaram – e muito – sobre essas questões. E ficaram chocadas com o que descobriram.

A oficina tomou como exemplo a pecuária para mostrar como sua cadeia produtiva está recheada de diversos problemas socioambientais: casos de trabalho escravo, o desmatamento provocado pelo avanço da atividade sobre a Amazônia e o Cerrado, e a grilagem de terras.

Também foram apresentadas outras ramificações da cadeia produtiva do gado não ligadas ao consumo da carne, como as do couro e da destinação dada ao sebo bovino, muitas vezes desconhecidas. Por fim, refletiu-se sobre os danos provocados aos trabalhadores em todas as etapas da produção, destacando o caso dos frigoríficos por meio do vídeo-documentário “Carne Osso”, produzido pela Repórter Brasil.

Impacto

A oficina causou comoção em quem participou. A maioria das pessoas não tem conhecimento sobre os problemas socioambientais da carne, nem imagina que a cadeia da pecuária é tão extensa e envolve tantos produtos do cotidiano. Foi bem interessante perceber como a maioria do gado acaba sendo destinada para outras regiões do país e para exportação, e que na região ficam as sobras e os impactos.

“Fiquei bastante impressionado com o interesse das pessoas sobre a origem daquilo que consomem e o destino daquilo que é produzido na região onde vivem”, afirma André Campos, da equipe de pesquisas em cadeias produtivas da Repórter Brasil, que ministrou a oficina junto com o “Escravo, nem pensar!”. “Conhecer essa complexa cadeia econômica, a origem e o destino das matérias-primas, bem como os problemas associados ao seu beneficiamento, não é apenas fundamental para promover o chamado ‘consumo consciente’, mas também para que as pessoas adotem uma postura crítica sobre as atividades econômicas desenvolvidas em seus municípios”.

Participaram da oficina professoras das escolas Teresa Hilário Ribeiro e Norte Goiano, de Araguaína, e da escola Emanuel, da comunidade quilombola de Cocalinho, de Santa Fé do Araguaia. Também estavam presentes agentes da Comissão Pastoral da Terra de diversos Estados, e integrantes do Centro de Direitos Humanos de Araguaína e da Visão Mundial.

Se quiser saber mais sobre o assunto, acesse em nosso site a cartilha “Cadeias Produtivas & Trabalho Escravo – Cana – Carne – Carvão – Soja – Babaçu”.