Escravo, nem pensar! promove encontros com professores no Mato Grosso

Professores compartilharam resultados dos projetos escolares sobre trabalho escravo contemporâneo. Encontros encerram o processo formativo iniciado em 2013

Nos dias 22 e 26 de setembro, o programa Escravo, nem pensar! realizou encontros pedagógicos com professores de Cáceres e Juara, no Mato Grosso. O objetivo foi acompanhar as abordagens e projetos sobre trabalho escravo contemporâneo desenvolvidos nas escolas, distribuir novos materiais didáticos e avaliar a formação continuada iniciada em 2013. Cada encontro teve oito horas de atividades. Na parte da manhã, aconteceu a socialização das experiências escolares e à tarde foram discutidos o trabalho infantil e as condições de trabalho na construção civil.

Professores de Cáceres (MT)

Os professores de Cáceres discutiram o tema principalmente nas aulas de História, Geografia e Português. Os alunos produziram poemas, desenhos, paródias e dramatizações, tendo como referência as publicações do programa e outras referências fornecidas aos professores. Os participantes avaliaram a discussão do trabalho escravo como muito relevante, pois os alunos se envolveram e relataram casos conhecidos de trabalho escravo.

Em Juara, os professores também divulgaram os trabalhos desenvolvidos em forma de projetos pedagógicos ou inseridos no conteúdo das disciplinas escolares. Os professores das escolas do campo, por exemplo, discutiram o tema relacionado à destruição da Amazônia.

A formação continuada do ENP! prevê uma formação inicial de 40 horas e dois encontros de monitoramentos pedagógicos. Os primeiros encontros nesses municípios aconteceram em abril. As etapas presenciais deixam como legado a incorporação do tema nos planejamentos das escolas e nos planos de aula dos professores participantes.

Os encontros contaram com apoio da Catholic Relief Services e TAM Linhas Aéreas.

Os municípios

caceres_juaraCáceres, fundada como vila em 1778, está na divisa do Brasil com a Bolívia. O município é um dos pontos de acesso ao Pantanal e tem também um dos maiores rebanhos de gado do Mato Grosso, com 887 mil cabeças. Dados da “Lista Suja” de 2013, coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, registra dois casos de trabalho escravo contemporâneo em atividades pecuárias no município.

O município de Juara está situado no norte do Mato Grosso, região de Floresta Amazônica que sofreu um intenso desmatamento durante a fase de colonização, nas décadas de 1960 e 1970. Com a instalação de grandes fazendas de pecuária nessa área, um grande número de trabalhadores foi atraído para atividades como a manutenção de cercas e pastagens. Entre 2003 e 2012, foram flagrados sete casos de escravidão que redundaram na libertação de 96 trabalhadores no município.