Desafios na perspectiva de “educar para não escravizar”

O projeto foi desenvolvido em nove escolas municipais, sendo sete da zona urbana e duas da zona rural. Participaram estudantes de escolas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental, totalizando 3,2 mil alunos. A coordenação do projeto realizou uma reunião com professores, gestores e funcionários das escolas e da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec) de Rio Maria para apresentar o projeto. Esse encontro contou com a participação da Comissão Pastoral da Terra de Xinguara e de técnicos da Semec para o esclarecimento de dúvidas sobre o tema. Foram distribuídos também materiais para leitura e estudo para os professores.

Encontrar uma maneira de abordar o tema do trabalho escravo com os alunos do Ensino Infantil foi o grande desafio para os professores. Para conseguir superá-lo, eles usaram toda a sua criatividade metodológica: realizaram rodas de conversa, contaram histórias e mostraram imagens e vídeos. Os alunos também fizeram desenhos e textos coletivos, recorte e colagem de figuras que retratam o trabalho escravo, produção com massa de modelar, interpretaram e dramatizaram músicas. Já os alunos do Ensino Fundamental produziram trabalhos como textos dissertativos, poemas, paródias, peças de teatro, cartazes e desenhos. Com todos esses materiais, foi realizado um concurso que premiou os três melhores trabalhos de cada categoria.

Os alunos assistiram a vídeos, realizaram entrevistas com moradores e produziram alguns programas de rádio nos quais esclareciam dúvidas e difundiam informações sobre o trabalho escravo para toda a população do município. Os programas eram veiculados durante a programação da rádio comunitária Berokan FM, parceira do projeto. Pais e mães dos alunos também não ficaram de fora: a escola promoveu palestras para a comunidade e realizou rodas de conversa durante as reuniões escolares. Eles também compareceram à culminância do projeto, que aconteceu em 26 de novembro de 2012, quando puderam prestigiar os trabalhos expostos, assistir às apresentações artísticas e acompanhar a premiação do concurso.

O projeto também produziu um documentário sobre o histórico de conflitos agrários e trabalho escravo no município. Para compor o vídeo, foram utilizadas as entrevistas feitas pelos alunos, imagens captadas durante o desenvolvimento do projeto e depoimentos de professores e moradores.